Nº 2605/2606 - Fevereiro/Março de 2019 - Número Temático
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
A presença portuguesa na campanha do Rossilhão no ano de 1793, segundo um manuscrito de D. Pedro Almeida Portugal, 5º conde de Assumar

Nuno Simão Ferreira

[…] após 30 anos depois (de Lippe e de Pombal), quando uma larga e segunda paz, podia novamente ter amortecido os brios, a nossa divisão expedicionária de Roussilon pôde dar aos espanhóis nossos aliados de então lições de bravura e disciplina, e mostrar aos soldados da 1ª juvenil República Francesa que o sentimento de honra de Portugal não era menos poderoso nas almas portuguesas, do que nos seus espíritos pelas novas ideias pelo amor e entusiasmo pela causa da futura Liberdade[1].

 

Carreira militar de D. Pedro Almeida Portugal, 5º conde de Assumar e futuro 3º marquês de Alorna

D. Pedro Almeida Portugal, ainda antes da morte do rei D. José, assentou praça como cadete no Regimento de Cavalaria do Cais, mesmo sendo mais novo três anos do que o regulamento permitia. A cavalaria era a arma a que tinham pertencido os seus ascendentes e da qual o seu avô tinha sido general, desde 1735.

D. Pedro subiu normalmente os postos nos regimentos de cavalaria da guarnição de Lisboa, ascendendo a alferes da 4ª companhia do regimento de Cavalaria do Cais, a 13 de Abril de 1778, a tenente da 5ª companhia do regimento do Cais a 15 de Abril de 1782, a capitão do 6ª companhia do regimento de cavalaria de Alcântara, a major do regimento de cavalaria de Alcântara, a 11 de Outubro de 1790, e com a promoção a coronel comandou o regimento de cavalaria de Évora, a 20 de Junho de 1793.

Ainda no mesmo ano de 1793, D. Pedro foi nomeado ajudante da divisão auxiliar contra a França republicana, divisão que combateria ao lado dos espanhóis no Rossilhão, província que desmembrada de Espanha no reinado de Filipe IV, formava a partir de então, com uma parte do Languedoc, o departamento dos Pirinéus Orientais.

D. Pedro Almeida Portugal no decurso da campanha do Rossilhão, chegou a desempenhar a função de comandante da brigada de granadeiros no combate e consequente tomada de Ceret e colaborou, ainda, na carga de baioneta executada pelo regimento de Cascais, que repeliu os franceses no combate de 21 de Dezembro de 1793.

 

Contextualização da Campanha do Rossilhão

Em França vivia-se o período do «Terror» que alarmava o mundo de então com os seus excessos e unia as potências contra a República Francesa. Entre Espanha e Portugal assinou-se uma convenção, a 15 de Julho de 1793, para mútuo auxílio na luta contra os franceses. Convenção semelhante se fez entre Portugal e Inglaterra, a 26 de Setembro do mesmo ano. Foram estes os actos preliminares da campanha do Rossilhão.

Efectivamente, a convenção de Portugal com a Espanha para mutuamente se auxiliarem contra a França foi firmada, em Madrid, a 15 de Julho de 1793. O tratado com a Inglaterra, de recíproca protecção e auxílio, assinou-se em Londres, a 26 de Setembro do mesmo ano.

António Pedro Vicente destaca o que de substancial estas duas convenções significaram,

[…] interessa salientar um dos artigos que consignava que as três potências não deporiam as armas, sem que todos houvessem obtido completa restituição dos territórios, domínios e possessões tomadas a cada uma pelo comum inimigo. Para além de todos os prejuízos causados por uma posição de auxiliar, este artigo muito agradou à corte portuguesa interessada, como estava – e isso observa-se na acção de Luís Pinto – na salvaguarda das suas possessões e correlativos interesses económicos[2].

Ainda antes da assinatura da Convenção de 15 de Julho e prevenindo os tempos que se aproximavam, já algumas forças que constituiriam a divisão do exército auxiliar português manobravam em Sintra, sob a direcção do tenente-general Lourenço José das Brotas de Lancastre e Noronha (5º marquês de Minas), (“[…] a este oficial estava destinado o comando em chefe da divisão auxiliar, a qual, por seu impedimento, teve o comando supremo entregue a John Forbes Skelater, um escocês ao serviço do exército português”)[3].

 

A divisão auxiliar portuguesa em 1793

Focalizando, em linhas gerais e sintéticas, a divisão auxiliar portuguesa apresentava a seguinte composição do seu estado-maior:

– comandante em chefe – John Forbes-Skelater, tenente-general graduado;

– ajudantes de ordens – Louis Charles de Clavière, tenente-coronel, Nuno Freire de Andrade, major graduado, Miguel Pereira Forjaz, major graduado e Charles Andrew Harth, capitão;

– generais de linha – António Soares de Noronha, marechal de campo e 1º general de linha. Cada general de linha tinha os seus ajudantes de ordens, sendo o ajudante general, D. Pedro Almeida Portugal, coronel e 5º conde de Assumar e futuro 3º marquês de Alorna;

– quartel-mestre general – José de Morais d’ Antas Machado, coronel de engenharia, que tinha os seus dois ajudantes;

– auditor-geral – José António Ribeiro Ferreira, desembargador;

– intendente geral da polícia do exército – Francisco Joaquim de Aguiar, auditor;

– capelão-mor – Nuno Rodrigues da Horta, beneficiado da Igreja Patriarcal;

– médicos, inspectores do serviço saúde – Dr. João Francisco de Oliveira e João Manuel Nunes do Vale.

O comandante da 1.ª brigada foi João Correia de Sá, marechal de campo graduado. Foi apoiado pelos seguintes regimentos: 1º regimento de infantaria de Olivença, comandado por Jacob de Mestral, coronel; 2º regimento de infantaria do Porto, chefiado por João Correia de Sá, marechal de campo; e regimento de infantaria de Freire comandado por Gomes Freire de Andrade, coronel.

O comandante da 2.ª brigada foi José Correia de Melo, marechal de campo graduado. Contou com a colaboração dos seguintes regimentos: 1º regimento de infantaria do Porto chefiado por José Correia de Melo, marechal de campo; regimento de infantaria de Peniche comandado por António Franco de Abreu, coronel; e, regimento de infantaria de Cascais comandado por Francisco da Cunha Meneses, monteiro-mor e coronel.

A brigada de granadeiros era comandada por Gomes Freire de Andrade (coronel) e organizada com as doze companhias de granadeiros provenientes dos seis regimentos de infantaria da divisão.

A brigada de artilharia foi comandada por José António da Rosa, major e lente da Academia de Fortificação.

O material usado compunha-se de seis obuses de seis polegadas, duas peças de artilharia de calibre 6 e 14 de calibre 3.

 

A colaboração militar portuguesa na Campanha do Rossilhão

Daqui estava o caminho aberto para a participação portuguesa, em que a divisão auxiliar embarcou, entre os dias 16 e 18 de Setembro de 1793, em Paço de Arcos e Belém, estando o pavilhão almirante alvorado na nau Meduza, onde seguia o chefe da divisão Pedro Morais de Souza Sarmento. Todos zarparam do Tejo a 20 de Setembro daquele ano, 6.000 homens (seis regimentos de infantaria e uma brigada de artilharia), transportados por catorze navios, acompanhados por uma esquadra de quatro naus que escoltava, sob o comando do general Forbes Skelater. Os portugueses foram combater ao lado dos exércitos de Carlos IV de Espanha as Tropas da Revolução, do «Terror» de Robespierre.

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1 – “Teatro de operações da campanha do Rossilhão e Catalunha – 1793-1795”[4].

 

Gomes Freire de Andrade fez parte da expedição, seguiu por terra, (“voltou aqui nas vésperas da partida do sobredito Exército, a que deve unir-se para pôr-se à testa do Regimento de que é Coronel”)[5].

Segundo Latino Coelho reinava entre as tropas lusas um grande entusiasmo e um ardente desejo de combater e destacou que

dos cadetes a quem estimulava a nobreza e distinção da sua classe, nem um só deixou de solicitar o ser incorporado na divisão auxiliar. Muitos dos militares, que do regimento de Setúbal e dos regimentos de Serpa e Castelo de Vide se tinham oferecido, foram mandados engrossar os regimentos de Freire e de Peniche[6].

Só em 9 de Novembro de 1793, depois de uma difícil e tormentosa viagem de quarenta dias, a divisão desembarcou a esquadra de transporte (dezoito navios, incluindo a escolta) na Catalunha, no porto de Rosas.

A 10 de Novembro, chegavam os últimos contingentes militares. Eis o vivo testemunho de D. Pedro Almeida Portugal:

logo que que a esquadra chegou a Rosas, apareceu a bordo da nau de S. Sebastião um ajudante do quartel general, e um comissário, a fazer os cumprimentos do costume, e muitos oferecimentos de coisas que ao depois se viu que não havia; deram tal e qual informação das posições dos espanhóis, e dos franceses, e em consequência delas requererem alguns piquetes para guarnecer as alturas de direita daquela vila, a cujo rumo ficava Collioure e Port-Vendres, fortes ocupados pelos franceses, e sem defesa por aquele lado[7].

Neste processo de instalação das tropas portuguesas, D. Pedro Almeida Portugal salientou alguns nomes dos oficiais que se destacaram: marquês de Niza que (“teve a arte de descarregar dentro em três horas a nau S. José e Mercês, que vinha atacada de bagagem”)[8], João Gomes da Silva (“também mostrou muito desembaraço na parte que lhe tocou, e em vontade de servir, ninguém o excede”)[9], o príncipe de Luxembourg (“prestou-se com a melhor vontade, e o conde de Leauten do mesmo modo”)[10], Nuno Freire e D. Miguel Forjaz (“serviram de muito em terra”)[11].

Os dois piquetes portugueses prontamente se integraram no corpo espanhol e o resto da tropa fez o seu desembarque e consequente instalação com uma eficiência apreciável:

[…] o nosso general (João Forbes-Skelater) […] julgou melhor mandar desembarcar tudo naquele mesmo sítio (Boulon), e acompanhar todo o exército; não só para descansar do trabalho do mar, mas também para que cada regimento tomasse conhecimento, e posse de tudo o que lhe pertencia visto virem as coisas embarcadas em má ordem, […]. […] e enquanto isto se fazia foi a Boulon acompanhado de Clavière a cumprimentar o general em chefe. Ficou comandando o marechal de campo D. António de Noronha; e com esta ordem puseram-se as coisas em movimento, aproveitando a boa-vontade dos voluntários para o mar, e dos ajudantes de ordens para o que pertencia à terra; todos fizeram excelentemente[12].

As tropas lusas entraram em acção em quatro regimentos, na ofensiva lançada contra as posições francesas de Ceret, nos Pirinéus Orientais e depois La Rocca, St. Genis, Banylus e Argelés, que foram conquistadas às tropas francesas em sucessivas retiradas.

Como realça António Pedro Vicente no teatro das operações militares que se seguiram, os regimentos portugueses lutaram separados por conveniências de união ao exército espanhol, sendo-lhes conferido, por razões de ordem táctica, a divisão em três brigadas, sendo duas de fuzileiros compostos de três regimentos cada uma e a terceira formada por doze companhias de granadeiros dos seis regimentos em presença[13].

António Pedro Vicente alude, ainda, ao facto de a Espanha pretender diminuir o significado da cooperação portuguesa, tentando repartir a divisão pelas três frentes de batalha: Catalunha – D. António Ricardos; Aragão – Príncipe de Castel-Franco; Navarra e Guipuzcoa – D. Ventura Caro, engrossando com elas os exércitos de Ricardos e de Caro. O comando geral de todas estas divisões ficou a pertencer ao conde de La Unión. O regente D. João e Luís Pinto de Sousa Coutinho opuseram-se a este desejo de Espanha. Deste modo, Manuel Godoy foi obrigado a concordar com a colaboração exclusiva das forças portuguesas nas zonas do Rossilhão e Cerdenha[14].

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 2 – “Mapa de acantonamento das tropas portuguesas em Espanha durante as campanhas do Rossilhão e Catalunha”[15].

 

As vicissitudes que os espanhóis, na fronteira do Ampurdão, viriam a atravessar determinaram a ordem de envio para a vila de Ceret, no Rossilhão, alguns regimentos portugueses.

Esta campanha desenvolveu-se, entre 1793 e 1794, tendo sido conduzida pelas tropas espanholas do corpo de observação, que eram comandadas pelo general Ricardos nos Pirinéus, que invadiu a França. O corpo de observação espanhol era formado por 24.000 homens que deviam invadir o Rossilhão e se fixaram ali, retendo as tropas francesas até que a República fosse vencida pela coligação das potências ibéricas.

Uma vez iniciada a campanha do Rossilhão e considerando a linha francesa ao longo da fronteira extensa, mas pouco sólida e como as duas passagens naquela região, gargantas de Perthus e de Banylus, estavam defendidas pelos fortes de Port-Vendres e Collioure, o general espanhol resolveu flanquear a cordilheira, ameaçando a passagem de Perthus e invadiu o território ao longo do rio Muga, ocupando Arles e Ceret, apoderando-se de Bellegarde de Thuir e Masdeau e organizando-se sobre o Tech, com o grosso das suas forças em Boulon.

A Espanha com a legião panetiers e demais companhias nos seus avanços começou simultaneamente a deparar-se com contratempos, em grande parte ocasionados pela extensão do território a defender, pela falta de contingentes militares e pela extensão persistente dos franceses. D. Pedro Almeida Portugal teve o cuidado de comprovar a situação das tropas espanholas no terreno da batalha, antes da entrada dos contingentes militares portugueses,

[…] as suas circunstâncias eram as mais apertadas – Tinham pouca gente, muito terreno a guarnecer sem rio nas costas do exército principal, uma ponte para passar em caso de aperto, e sobre tudo isto o desalento efeito de continuados contratempos que tinham experimentado.

[…] Os espanhóis cujo estado completo do exército era de 32:000 homens, se achavam reduzidos por moléstias, e diferentes perdas que tinham experimentado ao número de 16:000.

Estando deste modo intentaram os franceses no dia 28 e 29 de Outubro entrar em Espanha por Espolha, atacando ao mesmo tempo a esquerda do exército em Ceret. Os espanhóis numa triste posição não podendo fazer mais do que uma mera defesa, chegaram contudo a rechaçar os franceses tanto de Espolha como Ceret, com grande trabalho. Os franceses sabendo quanto esta assistência foi dificultosa aos espanhóis, ainda que por esta vez foram obrigados a tornar a passar o Tech em Paraldá não perderam a esperança de forçar Ceret com um novo ataque que sendo feliz reduziria o exército espanhol à última extremidade, visto que a Ponte de Boulon, com efeito tinha sido levada pela cheia; – para este efeito se apoderaram do Monte de S. Ferreol, posição muito vantajosa dominando Ceret, e formaram Baterias à direita, à esquerda, e na frente deste ponto sem que os espanhóis pudessem embaraçá-los[16].

D. Pedro Almeida Portugal, ao estabelecer o paralelo entre espanhóis e franceses, considera que os franceses levavam vantagem relativamente às “posições” e ao (“tom que dá o terem vencido muito terreno, e terem quase arrumado os espanhóis à parede”)[17].

D. Pedro Almeida Portugal, no seu relatório, informa acerca das diversas acções das tropas portuguesas e, em particular, dos indivíduos que se distinguiram bem como os postos que ocupava o exército luso e os do inimigo.

 

Combate de 18 de Novembro (1793)

Logo a 18 de Novembro de 1793, sob péssimas condições atmosféricas, começou a dispersão das tropas de John Forbes Skelater: os regimentos de infantaria, 2º de infantaria do Porto[18] e o 1º de infantaria de Olivença[19] para as posições de Ceret. D. Pedro Almeida Portugal, no seu relatório, destacou que, nesse mesmo dia, estes dois regimentos começaram a participar nas operações, indo por caminhos montanhosos e se instalaram em Gaviguella, tendo recebido aí a ordem de marcha pelas duas horas da madrugada para S. Clemente, lugar perto do porto de Espolha.

 

Combate de 19 de Novembro (1793)

A 19 de Novembro, seguiram os regimentos de infantaria de Gomes Freire de Andrade[20] e o de infantaria de Cascais[21] com alguma artilharia de pequeno calibre e marcharam para a vila de Mouiscle, sendo acompanhados por D. Domingos Xavier de Lima (7º marquês de Niza), por João Gomes da Silva, o príncipe de Luxembourg e o conde de Leauten. O marechal de campo, D. Francisco de Noronha teve ordem de se demorar em Rosas, embora ficasse com a missão de transportar a logística dos regimentos até Figueras, no mesmo dia 19.

Dadas as condições climatéricas adversas, muita pluviosidade e mau estado de tempo, os regimentos ficaram-se por Boulon onde os ajudantes de ordens os puderam conduzir, prover de mantimentos, destacando-se nestas tarefas Nuno Freire e Miguel Forjaz Pereira.

 

Combate de 26 de Novembro (1793) – Ceret

Os regimentos de infantaria de Freire e de Cascais só chegaram a Ceret a 23 de Novembro. Posteriormente, o 2º regimento de infantaria do Porto e de Olivença chegaram a 25 de Novembro.

D. Pedro Almeida Portugal enfatizando o cansaço dos regimentos, (“por terem passado de uma jornada do mar trabalhosíssima, e marchas compridas, por maus caminhos, e com uma tempestade de chuva sobre o corpo, sem bagagens”)[22]. Decidiu-se, então, que a maior parte dos contingentes militares guarnecessem o entrincheiramento do topo da ponte de Ceret e os seus redutos. Os oficiais nomeados para a efectivação desta operação foram: Gomes Freire de Andrade, o coronel monteiro-mor e o tenente-coronel Nicolau Joaquim Caria. Para a guarnição das trincheiras ter-se-iam oferecido o D. Domingos Xavier de Lima (7º marquês de Niza), João Gomes da Silva e o príncipe de Luxembourg e Leauten.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 3 – “Dispositivo das forças no combate de Ceret”[23].

 

Mal chegaram as tropas portuguesas, sofreram um ataque violento dos franceses, que acabaria por ser brilhantemente repelido, como iremos ver mais adiante.

[…] foi recebida esta tropa pelos franceses com um fogo muito vivo de artilharia, e granada, mas com a felicidade de não haver mais que o alferes José (?...), do regimento de Cascais, ferido, e um artilheiro espanhol morto, o resto foi mandado pôr em armas às duas horas da noite em Ceret[24].

Seguindo outra direcção, iria participar numa operação projectada sobre a esquadra dos franceses, o de infantaria de Peniche passando os Pirinéus, chegava, em 26 de Novembro, a Morellas, situação que lhe fora designada. A maior parte da artilharia foi para a estrada real de Figueras efectuar a sua junção com o exército espanhol.

D. Pedro Almeida Portugal registou a dispersão das tropas portuguesas,

na mesma noite em que chegaram os quatro regimentos portugueses a Ceret, se animaram os espanhóis e formaram o projecto de atacar as baterias avançadas de Saint Ferreol, e sem atender ao cansaço em que deviam estar depois de marchas compridas por maus caminhos, e com chuva continuada, os deteram imediatamente para as diferentes colunas que deviam formar o sobredito ataque. Os franceses bem servidos de espias sabendo que o posto de Ceret se desguarnecia para os atacar, formaram o projecto de atacar a ponte enquanto estava desguarnecida: sucedeu que a muita chuva não deu lugar a passarem as colunas para os sítios por onde deviam atacar, e foi preciso recolherem-se. – Isto fez com que os franceses que com efeito vieram atacar porque o seu caminho não tinha os embaraços que havia de cá, achando-nos em forças não só puderam forçar-nos, mas ainda em cima perderam todas as baterias, e a posição vantajosa de Saint Ferreol. Com esta vantagem ficou de todo livre a comunicação de Boulon interrompida até então não só pela falta da ponte de Aoubon levada pela torrente, mas também porque como as baterias dos franceses estavam quase sobre a estrada real, não podia passar nada por Ceret, que não fosse incomodado pelo fogo de artilharia: – fortificou-se S. Ferreol, e todos os postos que flanqueavam este posto, e com estas cautelas ficou a esquerda do exército em termos de esperar um susto qualquer[25].

D. Pedro Almeida Portugal, na ofensiva, destacou as manobras das tropas luso-espanholas que numa série de combates, como acabámos de vislumbrar, desalojaram as tropas republicanas francesas que chegaram a ocupar as melhores posições nas alturas, interceptando com os fogos das suas baterias as comunicações e se apoderaram de algum material bélico. Porém, o flanco esquerdo, mal apoiado em Tolosa e Ceret, começou a ser alvo de sucessivos assaltos franceses. A situação parecia transformar-se, desgastando as tropas que o Inverno já sobrecarregava.

Em Ceret, já destruídas pela chuva grande parte das munições e impossibilitados em manusear as espingardas, os militares portugueses tiveram, a 26 de Novembro, de sustentar à baioneta o ímpeto do ataque dos franceses. Briosamente animados pelo capitão graduado António de Sousa Falcão, as hostes lusas bateram-se valorosamente, mas a superioridade numérica do atacante e a falta de reforços dos defensores, obrigaram estes a abandonar a posição, deixando aos vencedores o cadáver de um furriel do regimento de Freire, que depois de ferido mortalmente, ainda, prostrou sem vida o agressor. Foi essa a primeira vítima portuguesa da campanha, cujo nome infelizmente se ignora.

O ataque dos franceses era em três colunas, uma no reduto, outra à cabeça da ponte, e outra às alturas da esquerda que comandavam as peças de artilharia, sendo avisados pelos oficiais portugueses de que eram atacados não quiseram disparar as peças, quem sabe se por excesso de desmazelo, ou por alguma inteligência; com esta falta de oposição correram os franceses ao parapeito, ao qual facilmente saltaram porque estava muito mal feito. A guarda que era do regimento de Freire, por mais que quis atirar não foi possível as armas fazerem fogo, porque estava tudo ensopado em água à força da baioneta tiveram um instante, mas facilmente foram rechaçadas porque não podia ter partido contra quem trazia fogo. Principiaram a sair do reduto alguns, António de Sousa Falcão, e o capitão Anastácio de Cascais, vendo isto protestaram um ao outro, vir para a porta do reduto, e matar quem saísse ou entrasse pela dita porta, ou serem mortos nesse lugar. Estando nesta formação entrou um magote de franceses pela porta, e saltaram em António de Sousa, deram com ele em terra, um deles atirou-lhe uma baionetada que lhe atravessou os vestidos, com a fortuna de lhe não tocar no corpo, outro deu-lhe um tiro à queima roupa, que errou fogo, e outro finalmente assentou-lhe duas pedradas no braço esquerdo, dos quais ficou com grandes contusões. Gomes Freire, que estava de dia na trincheira, e que viu este sarrabulho, com o seu costumado valor, de que tem dado tantas provas em toda a parte, corria acima a sua gente, entrou à testa dada pelo reduto dentro investiu contra os franceses, livrou António de Sousa e fez evacuar o reduto, perdendo nesta investida um furriel, quatro soldados, e catorze gravemente feridos: quase ao mesmo tempo entrou também no reduto o tenente-coronel Erédia com oito guardas espanholas, e alguns caçadores. O coronel Viana que saiu do entrincheiramento para o reduto recebeu antes de lá chegar uma bala numa perna, o que o embaraçou andar para diante […][26].

O fim do combate não podia ser mais desalentador:

para a esquerda foi o general Forbes com dois ajudantes de ordens Clavière, e Carlos que lhe assistiram até ao fim da acção o regimento de Espanha vendo vir a coluna inimiga pela esquerda, entrou a pôr-se em retirada desordenada gritando que estava cortado[27].

Conseguiram, contudo, os aliados luso-castelhanos retomar a posição, depois de várias alternativas de um renhido combate e este sucesso final contou com a presença dos contingentes portugueses: 2º regimento de infantaria do Porto, de Olivença, de Freire e a brigada de granadeiros, que contribuindo para animar o contingente espanhol, liderado pelo marechal de campo, o brigadeiro Cuesta a prosseguir na ofensiva sem descansar.

Nesta ofensiva, que fez cair em poder dos aliados todas as baterias francesas, que combateram em Ceret, acabou por lhes permitir a ocupação da montanha de Saint Ferreol.

Os granadeiros apenas viram gente a guarnecer a primeira bateria, correram a tomar posse da segunda, tomada a qual deixaram gente a guarnecê-la, e o resto da gente que não eram senão 60 homens, se dirigiu atacar a altura e ermida de S. Ferreol aonde chegou com os primeiros encontrando muito pouca resistência porque o inimigo abandonou aquela posição precipitadamente. Comandou este corpo de granadeiros o conde de Assumar. Não se pode dizer justamente a que corpos pertencia a gente castelhana que apareceu em S. Ferreol foi um corpo formado das duas companhias de granadeiros, do regimento de Freire, e quatro companhias milicianas, tudo isto comandado por Gomes Freire de Andrade e abaixo dele D. Tomás de Noronha que se ofereceu para este ataque sem lhe tocar e em cuja marcha deu uma queda da qual ficou deitando sangue pela boca, mas que não fez embaraço a ir para diante, nem a seguir o seu regimento em todo o resto da campanha, em todo o trabalho que teve que foi rigorosíssimo principalmente enquanto esteve acampado no campo de la Trompette; onde passou quase todas as noites debaixo das armas por conta da grande vizinhança do inimigo, e dos contínuos alarmes que deu aquele posto. Tomadas as baterias, e o posto de Saint Ferreol, houve algum intento de atacar o campo francês, mas o dia seguinte que estava bastantemente adiantado não deu lugar a isso. O regimento 2º do Porto depois de ter dado o primeiro impulso à fortuna deste dia, se conservou na altura da esquerda, […]. O inimigo quando se viu de todo recolhido ao seu campo valeu-se da artilharia que tinha para impor algum respeito, e não ser atacado como esperava à vista das disposições que via nas nossas tropas. O segundo regimento do Porto que se achava demasiadamente exposto teve a abrigar-se descendo a rampa do monte até se encobrir com o seu viso; – nesta curta retirada perdeu mais 4 homens o primeiro dos quais que não caiu logo morto e que ficava abandonado, foi levado às costas pelo marquês de Niza até o entregar aos cirurgiões, correndo o dito marquês bastante perigo porque ferviam as balas, algumas o cobriram de poeira, e outras mataram os outros três soldados ao pé dele. Pouco depois guarneceu o entrincheiramento que o inimigo tinha abandonado perto daquele sítio – neste ponto se acabou a acção do dia. Os postos tomados ficaram guarnecidos. – Esta ala esquerda de que se acaba de falar, pelo 2.º Regimento do Porto, o de S. Ferreol por parte do Regimento de Olivença, com dois regimentos espanhóis, reduto e cabeça de ponte por partes de Olivença, Freire, e algumas pessoas espanholas – o regimento de Cascais ficou de reserva na primeira, e só se recolheu para Ceret parte do regimento de Freire com as bandeiras[28].

Nesta acção, o conde de Assumar realçou as seguintes pessoas que mereceriam eventualmente (“a contemplação da nossa Corte”),

o general Forbes.

O marechal de campo José Correia de Melo que quis puxar e puxou pelo 2º regimento do Porto, e em um momento em que o fogo fez nele bastante impressão e algum tanto o desordenou, teve a presença de espírito de mandar tocar a marcha, e de dar ele mesmo o exemplo indo para diante com o mesmo sossego que se fosse na parada, o qual exemplo o regimento seguiu com a maior guapice, assim mando-o também a voz do bravo coronel José Narciso.

O marechal de campo D. João Correia comandante da coluna da direita, e neste lugar não pode esquecer o flamengo marquês de Copinhi, nem António José de Miranda Henriques. O coronel Gomes Freire, que diga o que quiser a Gazeta espanhola, foi ele quem reganhou o reduto, o seu valor conhecido, a gente morta e ferida só do seu regimento, o testemunho dos mesmos oficiais espanhóis que viram a causa de mais perto, tudo prova que foi ele, não só pela acção mas também pelo que sofreu depois de lá; é mesmo do poder deste exército, e da glória da nossa Coroa que ele seja premiado expressamente por aquele caso, assim como também António de Sousa Falcão, o capitão Anastácio, e o tenente de Freire Leocádio Maria – o marquês de Niza, que se achou em toda a parte onde havia perigo, que acudiu, e animou as tropas – João Gomes da Silva que foi o primeiro com o príncipe de Luxembourg que deram aviso de ataque e que serviram para todo o resto dos avisos que foram precisas para pôr em movimento as tropas portuguesas, indo toda a parte com galhardia.

O monteiro-mor que com o seu exemplo e palavras, conteve na melhor ordem a gente que bordava o entrincheiramento.

O conde de Tarouca[29] que se adiantou com os primeiros atiradores da coluna de D. João Correia – o tenente-coronel Nigrie que levando uma ordem teve o cavalo morto debaixo de si por uma granada real e que depois disso acabou a pé nos lugares mais dificultosos.

O conde de Leauten, oficial hábil, e valoroso como se tem visto, em toda a campanha servia às ordens do conde de La Union. D. Tomás de Noronha, D. José Carcome que com a maior actividade serviu além suma obrigação a fazer conduzir a artilharia.

Um alferes de Cascais.

O porta bandeira da 1.ª companhia de granadeiros do regimento de Freire, Francisco José da Costa do Amaral, que serve de secretário ao adjunto-general, que acompanhou os granadeiros em todos os ataques até Saint Ferreol. Há muitas pessoas que merecem mas que toca aos seus comandantes lembrá-las[30].

Na tomada de Ceret e da sua ponte mereceram destaque os regimentos lusos, sobretudo o 2º do Porto e 1º de Olivença, que pelas suas acções no combate e pela disciplina patenteada,

os regimentos portugueses marcharam sempre unidos e em boa ordem; os espanhóis pela sua falta de união, e ordem retardaram a marcha ao ponto de se não poder executar a operação; gastou-se desde as dez horas até ao meio-dia, para formar as colunas de ataque, foi isto feito debaixo do fogo d’artilharia de S. Lucas[31].

Merece igualmente referência a brilhante resiliência de D. Tomás de Noronha e do regimento de Peniche[32],

[…] neste dia, foi D. Tomás de Noronha, que sem embargo de estar doente não quis deixar de acompanhar o seu regimento. O marquês de Niza que não faltou em parte nenhuma, assim como também Leauten. – E um segundo tenente de artilharia chamado Fernando, que em toda a parte tem mostrado um zelo, e uma actividade notável, que nessa noite depois de ter dado todos os jeitos para que as pessoas não deixassem de ir, vendo que as não consentiam, pediu licença foi-se incorporar com o regimento de Peniche e marchou com ele[33].

O conde de La Union ocupou a pequena cidade de Ceret, mas os víveres e as forragens continuariam a faltar. As tropas acamparam sem tendas e sem abrigos.

 

Combate de Saint-Luc e de Villelongue

A vitória sobre Ceret motivou os generais a prosseguirem com o intuito de prolongarem a frente até ao Mediterrâneo, assim, o general Ricardos ordenou o ataque à cidade de Villelongue. A operação fez-se de improviso, enquanto que a direita do inimigo foi distraída com ofensivas dirigidas à posição de Saint Luc.

D. Pedro Almeida Portugal considerou ser justo assinalar que os portugueses se distinguiram na acção de Villelongue, durante o mês de Dezembro de 1793, merecendo elogios os regimentos 2º do Porto e o 1º de Olivença, pelas suas já conhecidas acções nos combates e disciplina demonstradas ao invés dos espanhóis, que foram encontrados a pilhar os cadáveres.

[…] tentava-se o ataque de Vila-Longa na mesma noite do dia 5, mas o marechal de campo D. António de Noronha conferenciando com o general Courtein, expôs razões para desferir o ataque, tão claras, e tão arrezuadas, e tão próprias de um oficial que por instrução e sangue frio pode ser encarregue de qualquer expedição militar, que o general Courtein as abraçou formando o justo conceito que merece este oficial general. – E desferiu com efeito o ataque para a manhã seguinte.

A descrição do posto inimigo de Vila-Longa é a que já se deu no 1º posto do exército francês, à vista disto não falta senão descrever o ataque.

Marcharam na noite do dia 6 de Morellas para a Tempeta os dois regimentos do 2º do Porto, e Olivença, nesse campo se formaram cinco colunas – quatro de infantaria, e uma de cavalaria – primeira de infantaria para atacar a primeira bateria – guarda valonos, e um batalhão espanhol – segunda para atacar o campo inimigo 2º regimento do Porto, e Olivença sem os seus granadeiros – terceira para atacar a bateria e entrincheiramento da esquerda, dois batalhões espanhóis, e duas companhias de granadeiros de Olivença – quarta para atacar em flanco as baterias superiores – a coluna de cavalaria devia marchar pela estrada de S. Genies, e atacar pela banda de Vila-Longa a bateria chamada da Conceição pelo revés – o regimento de Freire que chegou tarde, serviu para corpo de reserva, e devia no princípio do ataque formar-se na rampa do monte que fazia face à bateria Conceição. – Pôs-se em marcha todo este corpo pelas quatro horas e meia da madrugada do dia 4 – a marcha foi também reguada que chegaram todas as colunas em todos os lados a um tempo; – o inimigo não teve tempo para nada, todas as colunas atacaram vigorosamente, o coronel José Narciso comandante da coluna portuguesa bordou o cume do monte em um instante desdobrando pelo canhão, 2º do Porto para a direita, e Olivença para a esquerda na melhor ordem, e fez uma descarga geral sobre o inimigo, que estando já bocejando com os diferentes ataques não pôde resistir a um corpo formado, e em toda a sua força. Freire desceu da rampa, e aproximou-se para sustentar o ataque; a cavalaria que vinha tomar o entrincheiramento de revés encontrando o inimigo que fugia em desordem para a planície fez sobre ela um grande destroço; que as guarneciam as alturas acolheram-se para a banda da boca e Argeler.

Deste modo abandonaram o posto deixando nele 22 pessoas de artilharia, 3 obuses, e 2 pedreiros, tendas de campanha em que se acomodou todo o corpo atacante, armazéns de forragens, mantimentos, fardamentos consideráveis em Vila-Longa, e além disto para cima de 6:000 armas que se apanharam pelo campo, e planície – 400 prisioneiros, e muitos mortos. – O marechal de campo D. António de Noronha correu com grande presença de espírito no momento do ataque aos diferentes pontos em que havia tropas portuguesas para as animar. – O marquês de Niza foi um dos primeiros que entraram na bateria da esquerda do campo francês, e recebeu uma contusão em uma perna de tiro de metralha; o príncipe de Luxembourg, e Leauten acharam-se nesta acção; – o coronel José Narciso dispôs a sua coluna e atacou com vigor, e arte – o coronel Verna como homem de guerra experimentado; – os tenentes-coronéis Brinquen, e Nigrié foram nos seus lugares, e desempenharam os seus postos. – Acabada esta função estabeleceu-se a tropa sobre o campo inimigo, e acampou debaixo das tendas que se tomaram»[34].

O combate de Saint-Luc foi complicado e violento,

este sucesso[35] animou as tropas, e deu a empreender – resto dos ataques que eram precisos para que o exército espanhol tomasse quartéis de Inverno, de que tanto necessitava. O primeiro intento foi contra as baterias e campo de S. Lucas porque desta banda é que o exército principal se achava mais apertado.

Sendo isto uma guerra de posto, como é natural em país tão montanhoso, todas as operações têm sido surpresas intentadas todas pouco mais ou menos, pelo mesmo modo, que sem a ser, várias colunas marchando de noite para atacar um ponto por diferentes partes à ponta do dia, ou à hora a que o inimigo se julgue mais em descuido.

As tropas tiveram um trabalho incrível, porque o dito ataque de S. Lucas se intentou por muitas vezes; – o tempo esteve rigorosíssimo, e detrás de formadas as colunas, e posto o exército em marcha para atacar, umas vezes por não poder passar em ribeiras que se formavam, outras porque a excessiva chuva molhava os cartuxos ao ponto de se não poder fazer fogos, vinham contra-ordens, para recolher o exército; finalmente, uma vez que ou a necessidade ou a teima obrigam a continuar a marcha apesar de todos os embaraços, sem é que chegaram ao ponto de onde deviam atacar, mas em lugar de chegar à ponta do dia, não se puderam formar na disposição necessária para o ataque, senão ao meio-dia.

O inimigo teve todo o tempo para se reforçar, à vista disto os generais espanhóis fazem do conselho para ver se se devia executar a ordem do general em chefe assentaram que era impraticável e para que a marcha não fosse de todo inútil, fizeram semblante de querer cortar o campo de Lhaudou, que era uma espécie de posto avançado de S. Lucas: – com efeito os franceses abandonaram esse posto, deixando nele algumas munições de boca e de guerra. Como tudo isto se fazia em pouca distância de S. Lucas a artilharia deste posto canhonou o exército durante os seus movimentos, mas com pouco efeito. – Com tantas tentativas que se fizeram contra esse porto, não podiam os franceses deixar de ter notícia, e de se entrincheirar de modo que ficasse frustrada qualquer empresa: por consequência foi preciso deitar sinais para outra parte, e formou-se o projecto de atacar o campo dos franceses em Vila-Longa que se opunha à direita da nossa posição.

Os franceses desta banda tinham um campo entrincheirado protegido por umas baterias superiores que formavam uma espécie de segunda linha de entrincheiramentos, posição muito vantajosa e dificultosa de atacar por não haver caminho feito para as alturas em que se achava a sobredita segunda linha: sem embago disso foram atacadas por seis colunas nossas em todos os pontos das ditas baterias ao mesmo tempo; a coluna que atacou as alturas passou por partes para que parece impossível que pudessem admitir nenhum género de marcha.

O sucesso foi superior às diligências que se fizeram; tomaram-se todas as baterias, com 24 peças de artilharia, mais de 6:000 espingardas, e diferentes armazéns de panos fardamentos, víveres, etc, 336 prisioneiros, outros tantos mortos pouco mais ou menos.

O inimigo retirou-se em desordem abandonando todo o país até Argelés[36].

 

Conquista de Cóllo de Bagnols

Seguiu-se ainda durante o mês de Dezembro, a conquista de Cóllo de Bagnols, onde a luta foi singularmente violenta,

no dia seguinte ao ataque de Vila-Longa, se cuidou em arranjar as baterias, porém não importou isto em mais do que em fazer uma travessia entre a primeira, e segunda bateria, o que não aumentava, nem diminuía a força da posição.

No dia nove se principiou a enfraquecer a guarnição saindo o regimento de Freire para a Trompeta, onde acampou, e onde devia guarnecer em caso de ataque uma bateria que havia nesse sítio à borda do rio.

No dia 12 saíram alguns regimentos, entre os quais o de Olivença comandado pelo coronel Verna com o destino de ir juntar-se com o corpo que guarnecia as alturas de Espolha, – o de Cóllo de Carbeceira também marchou para o mesmo sítio para atacarem o Cóllo de Bagnols.

Ficou por consequência o posto de Vila-Longa muito enfraquecido, não restando mais para o guarnecer de que 600 homens, conforme a conta do coronel José Narciso, à vista disto os franceses fizeram sem projecto de ataque. – O marechal de campo D. João Correia de Sá, que não sendo naquele tempo empregado em outra coisa levou de brio acompanhar o seu regimento naquele posto por ser perto do inimigo. – Depois de fazer as suas observações sobre o risco da tropa que ali se achava, os apresentou aos oficiais castelhanos com o fim de que vissem mais tropas, ou se arranjasse a posição de modo que se pudesse defender com pouca gente; mas por mais bem fundadas e expostas que elas foram, não houve alterações e ficou tudo da mesma sorte até que no dia 19, se tirou o fruto do descuido que houve.

O batalhão espanhol que se tinha oposto à coluna de Vila-Longa, também foi obrigado a retirar-se, parte para as baterias superiores, e outra parte unir-se com o regimento do Porto. – O inimigo já senhor da bateria da Conceição e sendo que das baterias superiores lhe não faziam fogo, não puderam deixar de entender com aquele pequeno corpo, o qual indo depois de experimentar a perda de 104 homens entre mortos, feridos, e prisioneiros, se apresentava nas alturas em ar de quem dizia que não era capaz de fugir. – Mandou o general francês em Trombeta, e um oficial somar este pequeno corpo, para que se rendesse a suposta que teve do regimento do Porto foi que a tropa portuguesa não se sabia render enquanto tinha armas na mão. – Ou a nobreza desta resposta, ou nãos sei quê, obrigou o inimigo a ficar em inacção por algum tempo, até que o marechal de campo D. Francisco de Noronha que se achava em S. João de Pagêz com o primeiro regimento do Porto, e que saiu com ele, pela notícia deste sarrabulho apareceu na dita altura de Montesquieu, e protegeu o pequeno corpo que ali se tinham sentido com tanta honra. – O inimigo neste caso contentou-se em canhonar a tropa com as peças que tinha tomado, e com fazer entretanto, as disposições necessárias, para se retirar daquele sítio, aonde não se dispôs a ficar, por ser outro o seu intento. – D. Francisco de Noronha, vendo a tropa exposta sem necessidade, propôs ao general castelhano que ali tinha chegado, que seria bom retirá-la algum tanto da artilharia; mas para que não houvesse equivocação, propôs ao mesmo tempo ao general espanhol que ficassem ambos no mesmo sítio conservando, e tudo isto se executou assim, […]. Não se pode dizer quem foram os que se distinguiram, senão fazendo uma lista inteira dos indivíduos do regimento que lá se acharam; e acrescentando a ela o nome do conde de Tarouca que saindo de Vila-Longa com a espada na mão já por entre os inimigos, se veio incorporar com o primeiro corpo que achou, que foi a cavalaria espanhola, apresentou-se ao comandante António Mandita, para que ele fosse testemunha de que ali se achava; de lá passou logo que pôde para a guarda avançada do regimento do Porto, onde se conservou até que ela se uniu ao regimento, e nessa união se apresentou ao seu general.

[…] As colunas destinadas para a direita como tinham mais que rodear marcharam no dia 13 de tarde para Rebós, para de lá nessa noite fazerem a sua volta com mais descanso. – As da esquerda marcharam pelas duas horas da noite por Cerveira e Cóllo de Valtibre. – As colunas atacaram ao romper do dia, chegando todas a um tempo aos seus portos – O inimigo vendo-se rodeado por um, e outro lado, com pouca resistência cedeu ao ataque, e abandonou as baterias de Cóllo – As cinco colunas dos lados investiram bruscamente com as guardas inimigas avançadas e entraram quase juntas com elas nas três baterias que faltavam tomar. – A barafunda e temor em que se pôs o inimigo, com a precipitação deste ataque fez com que uma posição tão vantajosa, e tão eriçada de baterias, fosse ganha quase sem perda de sangue do vencedor. – O inimigo retirou-se quase em desordem, e foi acolher-se a Bagnols – à entrada desta vila havia uma bateria, a qual o inimigo guarneceu com gente que lhe era precisa e a força do corpo que defendia o Cóllo tomou porto na coroa do monte que fica à esquerda de Bagnols. – O nosso exército descansou por espaço de 3 horas, no porto que tinha ganho, e depois tomou a resolução de prosseguir a vitória até Bagnols: para esse efeito marcharam as colunas na mesma ordem em que o tinham feito o primeiro ataque – como o terreno se estreitava à proporção que se chegava para a vila de Bagnols não podiam as colunas obter com toda a liberdade e também não havia verdadeiramente senão dois pontos de ataque que era a bateria da vila, e o corpo inimigo que coroava a montanha. – Separaram-se duas colunas, a 4ª em que ia o regimento de Olivença, e o 6º para atacar pela esquerda a coroa do monte. – O terreno era mau de baixo para cima, e algum tanto escarpado – a dificuldade de o subir deu ânimo aos franceses»[37].

Depois da conquista da garganta de Bagnols verificou-se a ocupação da aldeia de Banyuls de Marande, cuja população debandou. A povoação situava-se à beira do Mediterrâneo,

[…] o exército tomou o porto do inimigo nas alturas à esquerda de Bagnols; e nesse lugar se conservou até o dia 18. – Alojando-se na vila toda a gente que cabia, que seria a metade do exército alternativamente. – Toda esta tropa em geral se portou excelentemente, mas quase que não houve lugar para casos particulares, e distintos[38].

 

Ataque a Port-Vendres, Saint-Elme e Collioure

Ainda no ano de 1793, os aliados luso-espanhóis ocuparam as posições de Port-Vendres, Saint-Elme e Collioure.

As tropas que se tiravam do campo de Vila-Longa juntas com as de Espolha, e parte das de Carabaçara debaixo do mundo do tenente-general Courtin atacaram as baterias do Cóllo de Bagnols, e sendo bem sucedidas neste ataque passaram adiante, atacaram o campo entrincheirado dos franceses na cordilheira dos montes que cobrem o castelo de Santo Elmo, e forçando-o tomaram o dito Forte, o que se rendeu com pouca resistência.

A fortuna parece que estava nesse dia decidida a nosso favor. Logo depois de tomado o Forte de S. Elmo, corria de pleno a rendição de Collioure, e Port-Vendres, ficando nestes postos dominados pelo fogo de Sant’Elmo. A bateria de Port-Vendres, e a praça de Collioure não fizeram mais do que um arremedo da defesa, e por esta conta dentro em 24 horas se forçou um campo entrincheirando, um castelo fortificado, uma praça marítima, e mais que tudo se ganhou uma posição formidável que segurava a direita todo o tempo, e todo o terreno até às bordas do Tech, visto que também Argelés foi abandonado pelo inimigo[39].

D. Pedro Almeida Portugal, mais adiante, especifica como decorreram os combates,

[…] – não se tratava de menos do que atacar Collioure, e antes de lá chegar, era preciso forçar baterias, castelos, e mil encruzilhadas, sustentadas por um corpo de exército possante de 6:000 homens, comandados pelo entusiasta Fabre, representante do povo, e um dos primeiros botafogos da presente revolução, tendo por segundos Ranpon, e outros valentões que não merecem a pena de serem nomeados apesar das qualidades guerreiras que possuem pela má causa que defendem.

[…] No dia 17 houve um pequeno sarrabulho nos postos avançados; o nosso exército pegou em armas, não foi adiante, e isso mesmo deu a entender, que o inimigo se não achava em disposição mais do que defensiva, e com esta certeza se confirmou o nosso intento de atacar. Com efeito no dia 20 se formou o exército pelas 4 horas da manhã no porto que ocupava, e rompeu em 5 colunas tendo lugar o regimento de Olivença na direita. O corpo de reserva que era o regimento de Espanha seguiu a coluna do centro. – Nesta ordem marchou o exército a atacar de viva força as baterias inimigas – A direcção das colunas foi às coroas dos montes, para entrar nas baterias de revés, principiou o ataque pela esquerda, mas dentro em pouco tempo foi geral em toda a linha.

O exército inimigo saiu do seu entrincheiramento para sair a acudir as baterias, estas apesar do fogo muito vivo que fizeram, foram tornadas em breve tempo, e as colunas da esquerda adiantaram-se na direcção do campo inimigo, e encostando-se com ele, houve uma fuzilada bastantemente viva. – O soldado espanhol a quem se não pode negar o valor, falta-lhe contudo a ordem, e facilmente se debanda no combate, assim lhe sucedeu nesta ocasião, e parecendo menos terríveis teve lugar o inimigo para separar de si alguma tropa, e mandá-la ver se restabelecia a bateria – para prevenir este reforço se destacaram as duas companhias de granadeiros de Olivença que se concertava em boa ordem, fez um quarto de conservação em linha a ficar com caras para o centro para proteger os granadeiros e caçadores. A tropa inimiga foi rechaçada, as colunas da esquerda tiveram vantagem sobre o inimigo»[40].

O intuito dos aliados luso-espanhóis estava concretizado, pois, na sucessão dos combates acabavam momentaneamente por dominar fortificações sobre o Mediterrâneo, tendo em vista o domínio de todo o território do Rossilhão, em prejuízo óbvio das tropas francesas. D. Pedro Almeida Portugal confirmou que tal realidade se efectivara:

a perda dos franceses em todas estas últimas acções em artilharia foram 95 peças. – Além disso todos os seus depósitos de munições de boca, de guerra e de fardamentos: com todas estas perdas ficou o inimigo muito isolado no seu posto de S. Lucas e Bagnols, além disto havendo uma insurreição no exército, não tiveram outro remédio senão levantar o campo na noite do dia 21, e fazer precipitadamente uma retirada que lhe teria sido funesta se a cavalaria tivesse saído a tempo de picar a sua retaguarda nas planícies do Rossilhão.

Deste modo ficou limpo todo o terreno [?...] do Tech e além disso restou-nos o posto de S. Lucas, e Bagnols para lá do Tech que domina toda a planície do Rossilhão, e nestas circunstâncias se decidiram os quartéis de Inverno[41].

 

Combate de 21 de Dezembro (1793)

Registamos a brilhante carga de baioneta executada pelo regimento de Cascais, que conseguiu repelir os franceses quando, no combate de 21 de Dezembro, o ataque dirigido pelo general Forbes Skelater contra a direita destes transformar-se-ia em derrota, senão fosse a oportuna e ousada carga lançada sob o comando do tenente-coronel António José de Miranda Henriques.

[…] intentou-se o ataque das baterias de S. Lucas na madrugada do dia 21, a disposição em geral foi a já sabida, de surpresa. – Diferentes colunas formadas do exército de Boulon para atacar as baterias por diferentes partes a ponta do dia, protegidas no momento possível pela artilharia. Das alturas de Boulon havendo de mais a mais uma coluna de cavalaria e infantaria tirada da esquerda do exército para fazer direcção ameaçando a ermida de S. Lucas pela planície de Prats d’ El-Rei, e atacando-se a fortuna e permitisse, e se se desse o sinal de bom sucesso de ataque principal. Das tropas portuguesas houve três regimentos empregados, 1º do Porto para guarnecer a bateria espanhola de Taranco, Peniche o chamado do sangue, a coluna de diversão comandada pelo general Forbes composta do batalhão de Espanha, um batalhão de milícias, o regimento de Cascais, e 112 cavalos de um regimento que não nomeio. Sem embargo de que as disposições para este ataque foram bastantemente tarde, o inimigo teve aviso delas às onze horas da noite, e preparou-se puxando para o sítio de ataque de tropas de Bagnols, e de todos os lugares onde as tinham acantonadas. O ataque principal foi muito vivo, o inimigo fez grande resistência, sem embargo disso perdeu duas baterias; mas tornando a carregar foi preciso abandoná-las, levando os espanhóis três peças de artilharia, e escrevendo o resto, as guardas valonas, corpo respeitável fizeram prodígios de valor como têm feito em toda esta campanha. – No momento de se ganharem as baterias fez-se o sinal para atacar a ermida de S. Lucas, porém havia em Prats d’ El Rei um corpo a combater. – O inimigo estava também informado que até sabia o sítio por onde a cavalaria devia desembarcar; apresentou-se em coluna cerrada com um corpo de cavalaria na direita, o país é chato porém muito costado, a situação do inimigo era um plano que tinha de um lado, e outros dois grandes barrancos que formavam um ângulo em cujo vértice havia desfiladeiro, única passagem para o dito plano; apenas a coluna do general Forbes, chegou ao grande alcance do fuzil, o inimigo desdobrou a sua coluna para a esquerda na melhor ordem, este movimento obrigou o general a formar a sua tropa em batalha bordando as alturas iminentes ao desfiladeiro – principiou o engajamento pela tropa ligeira do inimigo, que se adiantou até aos barrancos de um e outro lado; saíram da nossa linha voluntários a tiralhar (?), e adiantou-se a abordar a contraescarpa dos barrancos para sustentar os tiralhadores (?), parte da nossa infantaria à testa dos tiralhadores (?) para os conduzir. Saiu Caille emigrado francês capitão no batalhão Vale Espire, moço de muito valor, e astúcia, e de grande utilidade neste exército porque por sua via se sabem sempre todos os movimentos do inimigo e se alcançam todas as inteligências. Conduziu também os tiralhadores (?), foi tanto adiante com eles que deu lugar a que o batalhão de Espanha e quatro companhias de Cascais passassem o desfiladeiro, e com o seu fogo dessem lugar a passar quase toda a cavalaria. – A este tempo principiou o inimigo a fazer um fogo rolante muito bem sentido até certo ponto, mas finalmente fez o erro de dar uma descarga geral; como o terreno entre os dois fogos não tinha nenhum embaraço, e era curto, pareceu que a cavalaria tinha boa ocasião para cair naquele instante sobre a linha inimiga, mas não bastou a voz num exemplo para que ela se aprestasse como era necessário. Saiu frouxamente do lugar em que estava sem que lhe fizesse emulação o oficial que a conduzia a qual chegou à distância do inimigo de tiro de pistola, o marechal de campo barão Quecel comandante em segundo, vendo que se perdia o tempo correu à testa deste corpo, a ver se a sua presença lhe dava melhor vontade. Com efeito conseguiu movê-la com mais alguma velocidade, mas já o inimigo com estas demoras tenha tido tempo de carregar as armas, e sendo a flutuação da cavalaria animou-se, espero-a de sangue frio a pé firme, e quando a apanhou a bom tiro apresentou-lhe uma boa descarga, a este tempo em lugar de ir para diante e cair sobre um corpo sem fogo, parou, remoinhou, e fugiu abandonando os oficiais que animavam cujos cavalos não ficaram em termos de os levar para longe, a este ponto era preciso uma lição. Não é o inimigo que foge, o que dá honra a quem vence, mas sim o que resiste; a tropa inimiga portava-se desta vez com uma constância fora do comum, era indecoroso ficar o caso sem decisão, não havia ser ordem a que obrigasse outra tropa a entender com ela corpo a corpo, mas sim uma representação com que o ponto de brio se animasse vivamente. Falhou o oficial abandonado pela cavalaria em português perguntou ao regimento de Cascais se pela honra da nação se atrevia ao que os outros se não atreviam. António José de Miranda que comandava, respondeu com entusiasmo de valor e do centro do regimento saiu uma voz do inferno se nos quisessem mandar com esta boa disposição qual seria o excesso que se não pudesse esperar; o mesmo oficial que lhe falou foi buscar parte do regimento que faltava para unir ao seu corpo. Calou-se a baioneta, e sem dar um só tiro correu o regimento todo a marrar com o inimigo com a velocidade com que devia ter corrido a cavalaria; poucas vezes se encontra uma resolução tão decidida, e menos vezes ainda que um arremesso desta qualidade, deixe de vencer a constância do inimigo, acabou a este ponto, e apesar do fogo de uma peça de 24, e mais três de menor calibre, e que varejavam a nossa posição. – Fugiu toda a cavalaria e infantaria inimiga, e o regimento de Cascais iria até à ermida, se o general Forbes não tivesse tido mão no ardor do seu ataque. Mas era imprudência engajar este corpo em uma planície não havendo uma cavalaria que competisse com ele em valor. E sabendo-se que o ataque principal não tinha tido o sucesso que se esperava não se ganhava nada em ir mais para diante; por consequência uma vez que o empenho em que a tropa se achava se decidiu por um modo tão airoso, não havia mais que fazer do que uma retirada com ordem e sangue frio digna da primeira acção, assim se executou, alguns azares vieram a picar a retaguarda, mas a tal distância que apenas se viam[42].

Nesta acção mereceram destaque os oficiais portugueses do regimento de Cascais, D. Pedro Almeida Portugal e três ajudantes de ordens: Carlos, Nuno e Freire, (“que trabalhou muito, e muito perto do fogo”);

D. Miguel Forjaz, que concorreu com muita actividade e inteligência, e teve o chapéu furado de balas em duas partes. O soldado José Francisco da 1ª companhia de granadeiros foi o primeiro indivíduo que ocorreu e que deu impulso ao regimento, merece uma atenção particular[43].

Como balanço final, constatamos que, do regimento de Cascais, houve a registar somente um morto e doze feridos. Esta acção fechou a campanha, tendo as tropas portuguesas a mesma glória inalterada tanto à entrada como à saída desta campanha militar.

O inimigo francês recuou consideravelmente, tendo que (“na mesma noite de 21 para 22 levantou o campo e se retirou para debaixo do Perpinhão deixando alguns carros, e provimentos em Bagnols del Iaspres”)[44].

 

Impressões e comentários de D. Pedro Almeida Portugal

Ao longo deste relatório, o conde de Assumar mostrou uma grande perspicácia, um profundo sentido de observação e de análise das diversas situações decorrentes da campanha do Rossilhão durante o ano de 1793[45].

D. Pedro Almeida Portugal, ao fim do ano de 1793, regressava a Lisboa com licença, desgostoso com o desenrolar da campanha do Rossilhão e da Catalunha. Como notas finais, destacamos a defesa intransigente do conde de Assumar relativamente ao comportamento e desempenho dos regimentos lusos e as críticas indefectíveis à ingerência do governo, que optara pelo envio de forças para a campanha.

Eis as considerações abonatórias relativamente às tropas portuguesas e à sua acção no terreno:

– em todas estas ocasiões que acabo de relatar é certo que aparecem muitas acções dignas de contemplação; […] Que merecimento não tem o soldado que sem embargo de não ser nomeado senão por numerosos, se arremessa cheio de brio, de amor da glória da nação e de quantos sentimentos heroicos se podem ter. – Destes arremessos encontram-se nos regimentos portugueses, e para que se não equivoquem, com o espírito de rapina que obriga outras nações a fazerem grandes coisas devo dizer o que é constante em Espanha e no Rossilhão, que não há exemplo de que os soldados portugueses despojassem soldado, ou oficial inimigo, por toda a parte por onde têm passado, tem observado nas casas em que têm sido alojados, a mais escrupulosa fidelidade, pela qual têm alcançado uma benevolência dos povos indivisível depois de combates em que se têm ganho infinito, ainda não houve um que se aproveitasse de nada, sem embargo do exemplo contrário que tem todo, e finalmente desde que se acham à vista do inimigo, ainda não desertou um homem[46];

– […] estas tropas entraram perfeitamente no espírito de quem as mandou, e portaram-se em tão grande distância, como se estivessem debaixo dos olhos daquela a quem deviam agradar, à vista do inimigo mostraram-se como se mostram as tropas mais aguerridas com o excesso de desprezar qualquer conveniência apesar do mau exemplo que tiveram nessa matéria, o seu sangue frio, actividade, ordem, e independência de qualquer despojo, têm sido notórios, e até mereceram uma certa contemplação da parte do inimigo com quem se têm batido, nos alojamentos cativam a benevolência dos habitantes pela fidelidade e mansidão e finalmente desde que entraram em campanha ainda não houve um só desertor[47].

Para D. Pedro Almeida Portugal, a presença portuguesa nas campanhas do Rossilhão e Catalunha resumir-se-ia a dois argumentos: razão de Estado, combater a França de Robespierre e invasora; e religião, a França era um Estado laico.

O conde de Assumar refutava a presença portuguesa nas campanhas do Rossilhão e Catalunha, através do argumento jurídico:

pelos tratados não tinha Portugal obrigação de mandar este socorro, porque o artigo 4º do 77, não determina senão que sendo o país invadido se socorrerão as duas potências mutuamente, a Espanha longe de ser invadida acha-se fazendo a guerra no território francês, e principiou-a protegendo a insurreição dos habitantes de S. Lourenço de Cerda, e apoderando-se desta vila[48].

À luz do argumento jurídico, D. Pedro Almeida Portugal não só antevia a ausência total de legitimidade jurídica como também não vislumbrava utilidade prática na participação portuguesa, realçando somente os encargos e danos demasiadamente pesados: aumento de despesas, mortes, doenças e ferimentos dos militares envolvidos na contenda; e, a contaminação da integridade do exército luso pelo espanhol, uma vez que o considerava indisciplinado e executor de pilhagens às populações locais.

O conde de Assumar era favorável que Portugal retirasse imediatamente as suas tropas do Rossilhão e Catalunha com ou sem direito a indemnização. Se viesse a colocar em prática o valor em causa seria de 600 cruzados, tendo que (“o clero poderá contribuir com um tributo módico”). Portanto, a ilação que retiramos é que Portugal deveria (“[…] em lugar de despender gente, e dinheiro, e arriscar a harmonia, gasta-se só dinheiro, e previnem-se dissensões muitas fundas”)[49].

Como o conde de Assumar não queria ficar só no campo do diagnóstico e da análise da situação, destacamos um plano delineado por ele próprio de forma a solucionar a situação. Sugeriu, então, a retirada imediata do exército português, após o governo luso ter apresentado esta decisão grave com (“ar decisivo”) e (“sangue frio”), mas sem recorrer à (“arrogância”) perante a Espanha. Desta forma, propunha que se devesse abordar as conveniências de Espanha nas campanhas do Rossilhão e Catalunha, sendo que a existência de tropas estrangeiras lideradas por um general igualmente forasteiro daria azo a desinteligências e a atrasos, tendo necessariamente que os contingentes militares serem utilizados por Espanha, mas que estes mesmos contingentes militares por serem externos deveriam ser melhores conhecedores do idioma, do clima, do terreno e (“que se ajeitem mais facilmente à falta de bagagens […]”)[50].

Seguidamente, o conde de Assumar passou às razões de conveniência de Portugal, assinalando a necessidade de acudir às conquistas depois de perda de Toulon e a impossibilidade de ajudar em virtude da exígua população do reino luso e alertar para a prevenção face às diligências francesas junto dos portos portugueses.

D. Pedro Almeida Portugal pugnava, finalmente, que o conteúdo do eventual ajuste deveria ser comunicado a John Forbes Skelater, devendo-se agendar prontamente uma data da partida dos contingentes militares portugueses do Rossilhão e Catalunha e, fazer com que o embaixador luso em Madrid diligengiasse o acordo junto da Corte espanhola.

Em suma, a partir de 1792, com o início das primeiras perseguições à monarquia francesa e, sobretudo, com a execução de Luís XVI, a situação começou a alterar-se radicalmente. As monarquias europeias, entre as quais a portuguesa, começaram a aperceber-se da ameaça eventual que poderia representar a França revolucionária.

No ano de 1793, a Inglaterra abandonou a sua inicial política de neutralidade. A Espanha seguiu o mesmo caminho e Portugal solidarizou-se, através dos tratados de aliança recíproca e auxílio mútuo e, assim sendo, os dois reinos ibéricos aliaram-se para combaterem a França de Robespierre ou do «Terror». Difícil equilíbrio, neutralidade impossível. Portugal conheceu um longo período de tensão armada, com a participação nas campanhas do Rossilhão e da Catalunha, na guerra peninsular onde se incluem evidentemente as invasões francesas, num intervalo temporal que medeia, de grosso modo, entre os anos de 1793 e 1810. Portugal enfrentaria esta tensão armada com um exército onde as reformas oriundas do período pombalino e sob o consulado do contratado conde de Lippe, pareciam já longínquas, pois, faltavam quadros, tecnologia, desactualização em termos da abordagem dos métodos militares a usar nos campos de batalha e, por conseguinte, não seria elevado o moral das tropas lusas.

Em 1793, Portugal participou com uma divisão auxiliar ao lado do exército espanhol contra a França e foi a primeira vez no Rossilhão e Catalunha que as forças portuguesas em combate defrontaram o exército revolucionário.

Mas, D. Pedro Almeida Portugal, 5º conde de Assumar e futuro 3º marquês de Alorna, na produção do seu relatório que reflectiu o primeiro ano da participação das tropas portuguesas nas campanhas do Rossilhão e Catalunha, destacava indelevelmente os seguintes aspectos:

1. a presença lusa no Rossilhão e na Catalunha resumir-se-ia somente a dois argumentos: razão de Estado (combater a França Republicana do «Terror» e invasora) e religião (combater a França laica e promulgadora da Constituição Civil do Clero);

2. rejeição do argumento jurídico da presença portuguesa no Rossilhão, porque Portugal não foi invadido e a Espanha longe de ser invadida também, achava-se a fazer guerra em território francês;

3. aprovação categórica da posição que Portugal devesse retirar imediatamente as suas tropas do Rossilhão e Catalunha, com ou sem direito a indemnização.

Em Março de 1794, morreu o general Ricardos, humilhado e moralmente condenado pelo governo de Carlos IV, tendo sido substituído pelo conde de La Unión. Iniciava-se a retirada do Rossilhão que se tornava problemática, dado o corte dos franceses das vias de acesso e posições relevantes que haviam sido conquistadas pelo exército aliado no ano anterior.

A maioria dos regimentos portugueses estavam concentrados em Ceret e foi no ataque às posições de Montesquieu, la Trompette, Boulon e Bellegarde, que se desenrolaram os ataques franceses, obrigando a uma retirada.

Em Abril de 1794, as tropas luso-espanholas começavam a retirar-se e a derrota no Rossilhão e Catalunha e a invasão do território espanhol pelos exércitos republicanos, impuseram a Madrid a Paz de Basileia (1795), na qual Portugal não teve qualquer intervenção, apenas tomando conhecimento do acordo depois da sua assinatura.

Para Jorge Borges de Macedo,

em 24-25 de Julho as tropas francesas conquistaram Fuenterrabía e, depois de diversos acidentes desta ordem, os espanhóis assinam com os franceses a Paz de Basileia (22 de Julho de 1795), onde não participam portugueses, uma vez que não havia estado de guerra entre Portugal e a França. Institucionalizada a Revolução e apesar dela, reaparecia, como uma necessidade, o entendimento França-Espanha, com vista a enfrentar o inimigo permanente: a Grã-Bretanha. Afinal, a Primeira Coligação tinha-se transformado numa luta separada em função das três áreas tradicionais das lutas europeias: a Europa Central, a Europa Ocidental e o oceano[51].

António Ventura acentua que a partir da Paz de Basileia (1795) começava a desenhar-se um novo quadro de relações entre a Espanha e a França, que converteria os antigos inimigos em aliados.

Esta mudança foi dramática, mas lógica, e irá influenciar profundamente as relações luso-espanholas, que se tornam mais complexas. É verdade que Portugal e Espanha continuavam a ser aliados. Mas ambos os países estavam ligados a outros – França e Grã-Bretanha – e esta relação a quatro irá complicar tudo.

Desde o fim das hostilidades que Portugal tentou concluir uma paz com Paris. Um dos artigos secretos da Paz de Basileia reservava mesmo ao Monarca Católico a possibilidade de servir de mediador para tal. Por outro lado, a França pressionava constantemente a Espanha para permitir a passagem de tropas francesas contra Portugal, e para envolver as suas próprias forças nessa campanha destinada a privar a Grã-Bretanha do seu mais fiel aliado[52].

 

Fontes

Manuscrita

Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

Imprensa Periódica

Gazeta de Lisboa, Número 40, Terça-feira, 1 de Outubro de 1793.

Bibliografia consultada

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Idem, 1995, “Portugal face à Revolução Francesa”, in Portugal e os Conflitos Internacionais. Para uma História Militar portuguesa (Direcção de Manuel Themudo Barata), fascículo 7. Lisboa: Diário de Notícias.

Idem, “Invasões Francesas”, 2004, in História de Portugal. Dos Tempos Pré-Históricos aos Nossos Dias (Direcção de João Medina), vol. X, Portugal Liberal (I). Alfragide: SAPE.

Idem, Batalhas da História de Portugal. Campanhas do Rossilhão e da Catalunha, 1793-1795, 2006, vol. 11. Matosinhos: QuidNovi.

 


[1]    Gonçalves, 1926, 24.

[2]    Vicente, 2006, 49.

[3]    Vicente, 2006, 49 e 50.

[4]    Martins (General), 1945, 196.

[5]    Gazeta de Lisboa, Número 40, Terça-feira, 1 de Outubro de 1793.

[6]    Coelho, 1874-1891, 90.

[7]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l..

[8]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l. .

[9]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l. .

[10]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l. .

[11]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l. .

[12]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l. .

[13]    Vicente 2006, 50 e 51.

[14]    Vicente, 2006, 51.

[15]    Vicente, 1995, 78 e 79.

[16]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[17]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[18]    O regimento recrutava em vários concelhos, vilas e coutos das comarcas do Porto e de Guimarães. No Rossilhão e na Catalunha este regimento constituiu ser a 1ª brigada da divisão auxiliar.

[19]    O regimento recrutava na freguesia de Santa Maria do Castelo e no termo da praça de Olivença, até ao ano de 1801, e nas vilas de Borba, Évora-Monte, Portel, Monsaraz e Monforte. Fez também parte da 1ª brigada da divisão auxiliar.

[20]    Recrutava nas vilas de Ourém, Porto de Mós, Abiúl, comarca de Ourém, vilas da Pampilhosa, Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e comarca de Tomar.

[21]    Recrutava nas vilas de Cascais, Sobral de Monte Agraço, Arruda dos Vinhos, Alhandra, Alverca, Lourinhã, Cadaval, Castanheira, Povos, Vila Franca de Xira e Vila Verde dos Francos. Esta força constituiu ser a 2ª brigada da divisão auxiliar.

[22]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[23]    Martins (General), 1945, 199.

[24]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 1ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[25]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Notas 1ª e 2ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[26]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 2ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[27]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 2ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[28]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 2ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[29]    D. Luís Teles da Silva Caminha e Meneses, 8º conde de Tarouca.

[30]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 2ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[31]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 3ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[32]    Segundo António Pedro Vicente, um pouco antes destas operações, o regimento de Peniche foi observado em manobras pelo general Ricardos e, este ao cumprimentar o seu comandante, fez-lhe os maiores elogios sobre o garbo e perícia militar do referido regimento. Vicente 2006, 52.

[33]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 3ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[34]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 4ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[35]    Tomada de Ceret e da fortificação de Saint Ferreol.

[36]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Notas 2ª, 3ª e 4ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[37]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Notas 4ª, 5ª e 6ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[38]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 6ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[39]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 6ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[40]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 6ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[41]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 7ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[42]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 7ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[43]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 7ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[44]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Nota 7ª”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[45]    Todas as citações retiradas nesta última parte pertencem às «Observações» de D. Pedro Almeida Portugal.

[46]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Observações”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[47]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Observações”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[48]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Observações”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[49]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Observações”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[50]    Lisboa, Arquivo Histórico Militar (AHM), s.d. [1793], “Observações”, D. Pedro Almeida Portugal, Descrição da Campanha do Roussillon desde que entraram as tropas portuguesas feita pelo conde de Assumar, s.l.

[51]    Macedo, 2006, 370.

[52]    Ventura, 2004, 10.

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