Nº 2481 - Outubro de 2008
2481 - Outubro de 2008
IN MEMORIAM
 
Major-General Hélio Augusto Esteves Felgas
 
No passado dia 23 de Junho deixou-nos o Major-General Hélio Augusto Esteves Felgas, que tinha nascido no dia 20 de Agosto de 1920 e era Sócio Efectivo da Empresa da Revista Militar desde 16 de Dezembro de 1947, o que o tornava o decano da nossa Empresa.(...)
General
Gabriel Augusto do Espírito Santo
EDITORIAL - Segurança
General
Gabriel Augusto do Espírito Santo
 
O tema da segurança está presente em quase todas as agendas políticas do globo e no actual panorama das relações internacionais muitas aguardam o que de novo, nesta área, apresentará como propostas o próximo Presidente dos EUA. Segurança entendida no sistema cultural e de valores que constituem o denominado mundo ocidental mas esquecendo, como acontecimentos recentes o comprovam, o que outros sistemas culturais e de valores entendem por esse conceito. Mas que não devem ser esquecidos.(...)
Um Sistema de Segurança Para a Totalidade do Ocidente Geográfico
General
José Alberto Loureiro dos Santos
 
A comunicação inicia-se com uma referência ao conceito primitivo de conceito de Ocidente geográfico, espaço cuja defesa militar constituía o objectivo estratégico da Aliança do Atlântico Norte, tal como foi criada em 1949, pelo Tratado de Washington.
 
Em seguida, elabora-se sobre a evolução do conceito de Ocidente e das dificuldades de adaptar as funções da NATO às novas realidades surgidas depois da sua vitória contra a União Soviética. Dificuldades que se agudizaram com os efeitos da globalização e da emergência de novos actores de expressão global, estatais e não estatais.
 
Finalmente, desenvolve-se a necessidade de resolver a aparente ambiguidade e fragilidade da Aliança, observando a natureza do contexto estratégico actual - bem diferenciado daquele em que a NATO foi criada - propondo soluções que atendam os seus impactes geopolíticos, nas quais os países lusófonos desempenhariam um papel reforçado.
O “Novo Terrorismo” e a “Velha História” - Da Teoria Substanciada à sua Prática
Tenente-general
José Lopes Alves
 
Insere-se o contexto do artigo no conceito de que o terrorismo que tem flagelado o Mundo desde 11 de Setembro de 2001, o “novo terrorismo”, vem constituindo efectivamente uma afirmação mais dura e violenta do que o fenómeno terrorista que, a par da sabotagem, da guerrilha, da acção psicológica orientada e das limitadas insurreição e acção armada, servia a Subversão e a Revolução. Lançando mão dos sofisticados meios hoje disponíveis a todas as iniciativas, do fenómeno da globalização, explorável em todos os domínios, e da viabilidade do recrutamento de “combatentes” capazes de, isoladamente ou em pequenos grupos, se sacrificarem animados duma ideia política, religiosa ou mista, manifesta-se como ameaça permanente e vai continuar, sendo seus expoentes activos e influentes máximos o fundamentalista Movimento Al­Qaeda e o já intitulado reformador do Islamismo Osama Bin Laden, que aquele fundou, financia e, de forma descentralizada, ainda que sem prejuízo das suas determinações, superiormente dirige.
 
O terror que este “novo terrorismo” realiza, ao contrário do que muitas entidades responsáveis, civis e militares, idealizam com prejuízo das medidas contra-terroristas adequadas que no momento próprio se impunha tomar, não constitui, portanto, em si um objectivo, mas, antes, um meio para atingir um qualquer Objectivo. É no âmbito desta realidade que se caracterizam nos parágrafos do artigo este “novo terrorismo” de base islâmica, os aspectos do seu desencadeamento, os efeitos já obtidos, a intervenção no seu combate dos escalões políticos, de segurança e militares dos países que se sentem por ele ameaçados e se clarifica o seu Objectivo Final Não é, naturalmente, olvidada, a par de outras considerações atinentes, a posição de Portugal no conjunto geopolítico, geoestratégico, político e estratégico, global e regional, activo que em torno dele se encontra definido.
A Crise da Superpotência Americana
Tenente-general PilAv
Eduardo Eugénio Silvestre dos Santos
 
Este trabalho é uma síntese de “Second chance: Three Presidents and the crisis of american superpower”, último livro (2007) de Zbigniew Brzezinski, conhecida personalidade política americana, ainda não publicado em Portugal. Foi conselheiro do presidente Jimmy Carter para política externa e autor do famoso clássico da Geopolítica “The grand chessboard - American primacy and its geopolitic imperatives” (1998). Pelo seu interesse e actualidade, achou-se oportuna a sua divulgação. O autor fez todos os possíveis para manter a letra e o espírito do original, deixando aqui e acolá, pequenos comentários.
A Guerra Centrada em Rede: um breve balanço, dez anos depois
Coronel
António Luís Beja Eugénio
 
Propomos passar em revista o essencial de dez anos de desenvolvimento do conceito de Guerra Centrada em Rede (GCR), nossa tradução de Network Centric Warfare. Desde que surgiu, nos interstícios do Pentágono, em 1997, a GCR fez um assinalável percurso. É hoje considerada um conceito domi­nante e já fez correr rios de tinta. Confundida por “guerra das estrelas”, denegrida por cáusticos pensadores, a maior parte indolentes na arte da actualização conceptual, tem enformado a transformação americana rumo a umas forças armadas da Era da Informação e apontado o caminho de aliados. Grande parte deste desenvolvimento conceptual deve-se ao esforço de David S. Alberts que tem coordenado os trabalhos do Programa de Pesquisa Cooperativo do Departamento de Defesa Americano em matérias de Comando, Controle, Comunicações, Computadores, Informações, Vigilância e Reconhecimento (C4ISR). Se ao nível táctico não há grande problema, à medida que as soluções tecnológicas modernas vão sendo integradas nos sistemas de armas, o mesmo não sucede no nível estratégico. É ao mais alto nível que são encontradas as maiores dificuldades de partilha do recurso mais precioso dos tempos modernos: a informação.
Da Formação à Eficácia em Contexto Militar. Estudo exploratório sobre um modelo de desenvolvimento para o exercício da liderança. (2ª Parte)
Coronel Tirocinado
Lúcio Agostinho Barreiros dos Santos
 
 
A análise da liderança em contexto organizacional remete-nos para a liderança enquanto processo, onde os vários actores interagem e se condicionam mutuamente com vista à realização de objectivos de interesse comum. A perspectiva que elegemos para a investigação funda-se na natureza da liderança em contexto militar, na eficácia do seu exercício em situações padrão diferenciadas (situação de paz, situação de guerra e operações de apoio à paz) e na necessidade de projectar e/ou consolidar um modelo adequado de formação/desenvolvimento para o oficial do Exército oriundo da Academia Militar (AM).
 
Num momento em que a organização militar vê substancialmente alargado o seu espectro de actuação, designadamente a nível internacional, importava reflectir, objectivamente, sobre as novas solicitações e exigências do exercício da liderança e sobre as suas consequências ao nível do desenvolvimento e do desempenho, equacionando a eventual criação e/ou mobilização de novas competências para o comandante/chefe militar.
 
Por constrangimento de espaço, o texto que de seguida se apresenta reporta-se, sobretudo, ao trabalho de campo realizado, embora se aborde, sumariamente, a revisão conceptual e empírica, de forma a procurar estabelecer um “pano de fundo” particular que suporte a pesquisa de campo e que facilite a compreensão dos resultados empíricos a que chegámos.
 
O trabalho de campo baseia-se na aplicação de um inquérito por questionário, onde foram integradas perguntas fechadas, abertas e mistas. Supletivamente, foram conduzidas algumas entrevistas, semi-estruturadas, as quais, juntamente com as perguntas abertas do questionário, corporizam um estudo qualitativo sobre a aprendizagem e o desenvolvimento do exercício da liderança pelos comandantes/chefes militares. As amostras são consideradas formalmente não representativas - amostras de ocasião e proximidade - embora se admita que as suas características as aproximam da representatividade.
 
Para recolha e tratamento da informação foi elaborado um modelo de análise que integra duas hipóteses gerais de investigação, testadas a partir de três dimensões distintas para avaliar a qualidade da liderança - selecção, desenvolvimento e desempenho - cuja concretização foi conseguida a partir da leitura e análise de vários indicadores previamente seleccionados. A discussão dos resultados incidiu directamente sobre várias hipóteses operacionais, avaliadas a partir dos dados obtidos no questionário, as quais se pretendia que pormenorizassem as hipóteses gerais de investigação e dessem resposta à questão central e às questões derivadas.
 
Para análise da informação recolhida a partir das perguntas fechadas (questionário) foi utilizado o Statistical Package for Social Sciences (SPSS), enquanto a informação recolhida a partir das entrevistas e das perguntas abertas (questionário) foi objecto de análise de conteúdo, tendo sido utilizadas, de forma complementar, duas técnicas principais (Bardin, 2000): “análise categorial” (1ª fase) e “análise das relações” (2ª fase).
 
Os principais resultados explicitam, entre outros, os seguintes tópicos: (1) o grau de diferenciação das exigências e solicitações de liderança consoante os contextos de actuação; (2) as atitudes e os comportamentos de liderança mais valorizados em contexto militar e as principais práticas de sucesso; (3) os perfis situacionais de liderança eficaz para as três situações-tipo pré-definidas versus um perfil eficaz transversal (do tipo banda larga); (4) a avaliação da qualidade do exercício da liderança dos oficiais do Exército Português e a identificação dos factores potenciadores e inibidores da eficácia dos comandantes/chefes militares; (5) a validação do actual modelo de formação/desenvolvimento do oficial do Exército oriundo da AM para o exercício da liderança em contexto militar e a análise de alterações a introduzir.
Reunião do Corps D’Observation de La Gironde em Bayonne e Marcha Sobre a Espanha: Análise dos Relatos do Tenente-General Thiébault
Sargento-ajudante
José Luís Assis
 
 
Em Outubro de 1806, Napoleão venceu a Prússia na Batalha de Iena. Com essa vitória era chegado o momento de pôr em acção o seu antigo plano de declarar o bloqueio continental.
 
A 25 de Novembro de 1806 publicou em Berlim um decreto no qual declarava o bloqueio às ilhas britânicas. A Inglaterra respondeu de forma ainda mais dura, declarando que todos os portos e praças das colónias pertencentes aos inimigos da Inglaterra seriam sujeitos às mesmas restrições no que refere ao comércio e à navegação.
 
Passados alguns meses, o governo português foi solenemente advertido de que deveria encerrar definitivamente os seus portos aos navios da Inglaterra, confiscando-lhes os bens e prendendo os residentes ingleses em Portugal.
 
Em Junho de 1807 firma-se a Paz de Tilsit em simultâneo com o Tratado da Aliança entre Napoleão e o Czar Alexandre. Com estes acontecimentos diplomáticos objectivava-se o bloqueio e a Portugal não restava mais que se juntar à sua antiga aliada, a Inglaterra.
 
Em Agosto de 1807, Rey Neval entrega ao ministro dos estrangeiros português António de Araújo o ultimatum da França e começa a organizar em Bayonne um exército designado de Corpo de Observação da Gironda cujo objectivo era a invasão de Portugal no caso de recusa do ultimatum francês, como viria a acontecer.
 
O comando do exército foi entregue a Junot que saiu de Bayonne com um efectivo de cerca de 25 mil homens, atravessa a Espanha com destino a Portugal, chegando à fronteira portuguesa a 18 de Novembro de 1807. É baseado nos relatos do tenente-general Thiébault que nas páginas seguintes falaremos da reunião desse corpo e da sua marcha sobre território espanhol até à fronteira portuguesa em Segura.
I - Crónicas Militares Nacionais
Tenente-coronel
Miguel Silva Machado
 
  • Viagem de instrução do NRP “Sagres”;
  • Criado Secretariado para a Cooperação em Matéria de Segurança Pública;
  • Força Aérea e Marinha no combate ao tráfico de droga;
  • Força Aérea comemora aniversário nos Açores;
  • Lei de Programação de Infra-estruturas Militares;
  • NRP “Tridente” lançado à água;
  • Sétima alteração ao EMFAR;
  • Antigo quartel da Escola Prática de Cavalaria;
  • Novo contingente da GNR parte para Timor-Leste;
  • Manutenção dos Helicópteros EH-101;
  • Brigada de Reacção Rápida termina missão no Afeganistão;
  • Exército divulga meios humanos e materiais empenhados no com­bate aos fogos;
  • Força Aérea inicia nova missão no Afeganistão;
  • Helicópteros SA-330 “Puma” de regresso aos Açores;
  • Novo pelotão da GNR junta-se à missão da União Europeia na Bósnia-Herzegovina;
  • Portugal ratifica tratado da EUROGENDFOR;
  • Grandes Opções do Plano para 2009.
II - Crónicas Bibliográficas
 
 
  • Visões Estratégicas no Final do Império.
Major-general
Adelino de Matos Coelho
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