Nº 2539/2540 - Agosto/Setembro de 2013

2539/2540 - Agosto/Setembro de 2013
EDITORIAL
General
José Luiz Pinto Ramalho

Em tempos de crise importa ter presente os princípios e os fundamentos institucionais, designadamente para os militares e para aqueles que, do ponto de vista político, os tutelam. Refiro-me à necessidade do reconhecimento, prática e consideração devidos à condição militar, ao relacionamento político-militar num quadro democrático e às responsabilidades dos agentes políticos para com as Forças Armadas. [...]

Nanotecnologia – Breve contextualização sobre as Aplicações e Implicações
Tenente-general PilAv
Manuel Fernando Rafael Martins

Este artigo aborda as oportunidades e desafios relacionados com o desenvolvimento de um “novo” ramo da ciência – a nanociência – que conduziu à Nanotecnologia (NT). A abrangência da temática levou o autor a fragmentar e circunscrever a questão, começando por tratar o assunto de uma forma genérica, no intuito de conduzir alguns leitores ao melhor entendimento das questões posteriores, de natureza mais específica e eventualmente de complexidade acrescida.

A reflexão inicial sobre as possibilidades e implicações da nanociência originou enormes expectativas mas também algumas preocupações. Daí a necessidade, tanto ao nível da comunidade científica como da classe politica, em criar mecanismos de esclarecimento público, estimulando a discussão e promovendo a aceitação informada desta realidade. A apreciação aos resultados dessas ações permitiu constatar sobre as assimetrias regionais na divulgação/aceitação da NT.

Iniciamos com a noção de nanoescala e dos processos que lhe estão associados; referimos alguns instrumentos de observação e manipulação; a natureza interdisciplinar duma atividade que pode influenciar significativamente as nossas vidas e provocar transformações inesperadas na sociedade; e referimos a necessidade em colmatar lacunas e implementar mecanismos de prevenção que permitam a utilização segura da NT.

As áreas da Saúde, Segurança, Progresso e Bem-estar, beneficiarão seguramente dos avultados investimentos em investigação e desenvolvimento em NT. Valores que atestam as múltiplas oportunidades de negócio em praticamente todos os setores da atividade humana. Não menos importante é o impacto económico que esta revolução tecnológica poderá potenciar!

Henrique Pires Monteiro: Teoria Social e Teoria da Guerra
Doutor
António Paulo Duarte

A inclusão da teoria da guerra no campo das ciências sociais constituiu, nos meados do século XX, em Portugal, um conceito ousado e original, contestando a ideia de que a guerra devia ser pensada num sentido estritamente político-militar, contrariamente ao pensamento dominante da época.

Henrique Pires Monteiro, militar de formação e voz do pensamento republicano, defendia, ainda, a evolução do Exército, de uma organização de pequenos efetivos em tempo de paz para uma estrutura de grandes massas em tempo de guerra, cabendo-lhe, por isso, enquadrar a mobilização da Nação para a guerra.

Nesse processo administrativo prevê a criação de um Ministério da Defesa Nacional – dentro de uma estrutura interministerial –, gerido por um civil, passando a ter a responsabilidade política para o uso do instrumento militar. Propõe a reativação do Conselho Superior de Defesa Nacional, extinto em 1929, em prol do Conselho Superior do Exército, permitindo melhorar a coordenação entre o Exército e a Armada.

Desta forma, amplia a visão tradicionalista da estratégia – ligando a ciência militar às outras ciências sociais – passando a definir os fins gerais da guerra, os quais seriam desenvolvidos através das estratégias gerais, no campo militar e não militar.

Revisiting the Naval Power: Are navies redundant in an age of aircraft and missiles?
Mestre
Manuel João de Paula Poêjo Torres

Desde o início dos tempos que os mares têm sido a via mais importante para o comércio entre civilizações; esta foi, desde sempre, uma fonte de alimentos e recentemente tornou-se o principal fornecedor de petróleo, minerais e claro a ‘auto-estrada’ da humanidade para o transporte em massa das forças armadas. No entanto nesta era profundamente tática, onde veículos não tripulados e mísseis dominam, que papel pode a Marinha assumir? No presente momento de efervescentes revoluções tecnológicas, a Marinha, quando comparada às capacidades modernas do poder aéreo, aparenta lentidão, vulnerabilidade e reduzido valor estratégico. No entanto, visões simplistas e minimalistas como a descrita devem ser repudiada, pois afastam-se da realidade e podem causar entropia estratégica. Este artigo argumenta a favor da importância de uma força naval moderna, flexível e multidisciplinar capaz de gerar sinergias e acrescido valor estratégico em operações de forças conjuntas. Recorrendo à história das Guerras Mundiais, serão apresentados argumentos que exploram a falência de estratégias ‘puristas’ e que examinam a vital importância que a estratégia naval vinha a assumir.

Durante, e após, a Guerra Fria as forças navais sofreram uma grande reinvenção, tornando-se verdadeiros braços de soberania no alto-mar, capazes de enfrentar ameaças nucleares, readaptando-se aos diferentes problemas e tornando-se incrementalmente interoperacionais. Desta forma, nesta era do combate à distância, ergue-se no horizonte uma moderna força naval caracterizada pelas suas clássicas funções militares, mas também por um novo e crucial papel diplomático tal como a sua recente posição de deterrence nuclear. Estes últimos dois, são papéis que a força aérea e as ciências balísticas nunca poderão assumir dadas as suas naturezas muito próprias.

A Logística de Portugal na Guerra Subversiva de África (1961 a 1974)
Tenente-coronel
Pedro da Silva Monteiro

A manobra logística revelou-se como “o fator vital” da Guerra Subversiva de África que Portugal enfrentou de 1961 a 1974. A manutenção de uma média anual de mais de 100.000 homens em armas em três Teatros de Operações distintos, e separados entre si, e da sua principal base de sustentação logística por milhares de quilómetros revelou-se uma missão extremamente ambiciosa, principalmente para um país com todas as insuficiências em recursos naturais, demográficos e financeiros e sujeito a um crescente isolamento internacional. Neste sentido, a análise do esforço logístico realizado por Portugal durante a guerra, torna-se fundamental para melhor se compreender o esforço operacional, os seus resultados práticos e a realidade da guerra.

Pretende-se deste modo contribuir para desvendar o “verdadeiro enigma histórico”, relativo à capacidade de Portugal ter conseguido permanecer em África até 1974, considerado como “um notável feito de armas”.

O apoio logístico implementado teve assim como objetivo principal reunir condições para apoiar o aparelho militar de Portugal, e passou por processos evolutivos desde a adaptação inicial à nova tipologia de operações, as operações de contrainsurreição, até à capacidade de sustentação do conflito “com poucas despesas”. Neste contexto, a descentralização das estruturas de apoio, o investimento na rede estradal, o aproveitamento dos recursos humanos e naturais ultramarinos e a preocupação em equilibrar favoravelmente as capacidades que se conseguiam desenvolver e o material que se tinha que importar, contribuíram para este objetivo, assegurando a permanência de Portugal em África e a concretização de um desenvolvimento evidente nas províncias ultramarinas durante os catorze anos de conflito armado.

As Memórias do Capitão António Joaquim Henriques: A Revolução de 5 de Outubro de 1910 (I Parte)
Mestre
Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes
Dr.
Emanuel Luís de Oliveira Morão Lopes da Silva

O artigo tem por base as «Memórias» manuscritas do então alferes António Joaquim Henriques, que participou na Revolução de 5 de Outubro de 1910 e na I Guerra Mundial, em França. O próprio afirma mesmo que são alguns apontamentos sobre a sua participação, no Regimento de Infantaria nº 16, na Revolução em que foi proclamada a República, e sobre a Grande Guerra de 1914-1918, na qual tomou parte como comandante de um pelotão da 2ª Companhia do Batalhão do Regimento de Infantaria nº 28, Figueira da Foz (26-2-1917 a 11-11-1918).

O documento inicia-se pelo relato do primeiro conflito mundial mas, por razões cronológicas, principiamos pela narrativa dos acontecimentos que levaram à instauração da República. Parece-nos de extrema importância o testemunho dum oficial que participou ativamente em dois acontecimentos, um de cariz nacional (1910) outro de cariz mundial (1914-1918) e que, de certo modo, vieram alterar o regime político em Portugal e o panorama internacional.

Crónicas Militares Nacionais
Coronel
Nuno Miguel Pascoal Dias Pereira da Silva
  • Descontos a efetuar pelos beneficiários titulares da Assistência na Doença aos Militares (ADM)
  • Utilização das Forças Armadas no apoio ao combate dos incêndios florestais
  • Exercícios Dragão 13 e Pristina 132
  • Exercício Apolo 13
Crónicas Bibliográficas : Viver Academia Militar

Um livro sobre a vivência e a História da Academia Militar não é apenas mais um livro… É um misto de emoções e de saudade para quem a viveu e um suspiro de elevo e de paixão para quem a conhece. Esta obra sobre a Academia Militar, editada pela Editora “By the Book”, sintetiza os 175 Anos da sua História e dá-nos a conhecer, numa perfusão de momentos superiormente retratados por António Homem Cardoso e pelas fotografias dos arquivos militares, vivências e personagens que materializam um fausto e glorioso passado, retratam um presente cheio de charme e de vida e nos elevam num futuro que importa, como refere o título da obra, “Viver Academia Militar”. [...]

Coronel
Luís Manuel Brás Bernardino
Crónicas Bibliográficas : Das naus à vela às corvetas de ferro

O capitão-de-fragata Jorge Manuel Moreira Silva, consócio da Revista Militar, apresentou recentemente um novo livro, que se vem juntar a uma já significativa coleção de trabalhos da sua autoria.

O título, “Das naus à vela às corvetas de ferro”, conduz-nos para a tecnologia, mas o subtítulo enquadra-nos verdadeiramente no âmbito do trabalho, a exploração de um período difícil da nossa história, que vai desde 1807 até 1857. Neste período, a Corte partiu para o Rio de Janeiro, levando o grosso da esquadra, o Brasil conquistou a sua autonomia, Portugal viveu convulsões sociais enormes, associadas à implantação do regime liberal, e a normalidade só regressou com a estabilização política e económica de 1851, ou seja, com o início do movimento da Regeneração.

Com mestria, o autor faz uma análise perspicaz, em várias vertentes, da evolução da Marinha Portuguesa neste período. [...]

Comodoro
Armando José Dias Correia
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