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2651 - Dezembro de 2022

Editorial


Na última Edição do ano da Revista Militar, justifica-se que se analise o facto mais relevante em termos de Segurança e Defesa com que, na Europa, estamos confrontados. O decorrer das ações militares na Ucrânia, ao longo de quase dez meses (início a 24 de fevereiro deste ano), permite uma reflexão sobre os acontecimentos mais significativos que têm marcado o conflito, mas também sobre a influência que os mesmos têm vindo a revelar, quer no comportamento de outras potências quer no posicionamento das Grandes Organizações Internacionais, sobre o mesmo acontecimento.

Um primeiro facto a salientar prende-se com a resistência da Ucrânia como país, a par do desempenho operacional das suas Forças Armadas, perante a invasão pela Rússia. Relativamente a esta, a forma desastrada e incompetente como as ações militares iniciais foram conduzidas, revelando uma perspetiva de cenário errado, por deficiente informação estratégica, falhas de planeamento, de Unidade de Comando e de Coordenação Operacional, entre as várias Forças Militares empregues; esta situação levou à saída da região de Kiev e de todo o norte do país e à concentração das operações militares nas regiões do Dombass, de Zaporizhzhya e de Kherson.

Um segundo facto relevante prende-se com a maior catástrofe humanitária na Europa, desde a II GM, traduzida no número de populações ucranianas, refugiadas no exterior da Ucrânia e deslocadas no interior da mesma, que atinge cerca de 13 milhões, especialmente mulheres, crianças e idosos e que se poderá agravar no auge do inverno, fruto dos bombardeamentos russos às infraestruturas de eletricidade, água e aquecimento, que têm deixado cerca de 10 milhões de habitantes sem acesso a esses bens (650 000 Lares, em Kiev).

Paralelamente, fontes internacionais apontam para um número de baixas (mortos e feridos), para ambos os lados na ordem de um total cumulativo de 200 000 militares, para além de um valor muito elevado, ainda indeterminado, de baixas civis. A violência da guerra, as destruições, a volatilidade das ocupações militares territoriais têm trazido também o conhecimento de um elevado número de situações, passíveis de serem consideradas crimes de guerra, que se encontram sob investigação.

Outra realidade é a disrupção das cadeias de abastecimento alimentar (em particular, cereais e fertilizantes) e de energia (gás e petróleo), atenuadas, quer pelos sempre frágeis acordos de exportação de cereais, num caso, quer pela diversificação de fontes, noutro, mas sempre com implicações na escassez, nos preços e no aumento da inflação, que continua a afetar, a Europa e os EUA; é uma situação que tem provocado uma fragmentação política e económica, que tem posto em causa a “globalização”, tal como a conhecíamos e temos vivido até ao início do conflito em curso. Tornou-se igualmente evidente a fragilidade da Europa em termos energéticos, quer quanto à diversificação das fontes de abastecimento quer quanto a uma política de reservas ou de conexões que permitam uma circulação da energia.

A Europa está confrontada com três grandes questões no domínio da energia, tendo em conta a decisão pelo corte com o aprovisionamento a partir da Rússia. A primeira, em 2023, não poderá contar com o gás e petróleo russos para reconstituir as reservas deste ano, com vista a evitar racionamentos na distribuição,  tendo de competir no mercado, no próximo ano, com compradores asiáticos; a segunda, tem de adaptar a sua produção industrial a uma política de redução de consumos de energia ou, definitivamente, aceitar a produção desta, a partir de centrais nucleares; a terceira, sensibilizar os consumidores particulares para uma prática diária de poupança de energia (cerca de 10 % como pretendia a Comissão da UE), o que até agora não tem funcionado.

Estamos perante uma crise energética, com clara influência no Mundo, em geral, e na Europa, em particular, na economia global, mas que também tem feito “marcar passo” a transição energética e a resposta coordenada às alterações climáticas, pondo em risco os objetivos da descarbonização global e em que as decisões do COP 27, voltaram a ser uma deceção.

Existe também uma clara perceção de que uma “Nova Ordem Internacional” (NOI) está em construção, marcada pela rutura e pela constituição de Blocos, por uma desconfiança em relação à Rússia e pela interrogação quanto à forma como se relacionar com a mesma no futuro, face à atitude do Ocidente Alargado de a isolar do ponto de vista político. Uma desconfiança que irá motivar um rearmamento das potências, designadamente, em termos nacionais, dos países na vizinhança da Rússia, mas também no quadro da OTAN, relativamente aos vários países membros, em que a Alemanha e a Polónia são os primeiros exemplos. Nessa NOI, o reconhecimento de que a mesma será marcada pelo posicionamento de duas grandes potências mundiais – os EUA e a China.

Embora a guerra na Ucrânia/Rússia seja o mais urgente acontecimento que perturba e ameaça a Paz e a Segurança Internacional e que convive com o desenvolvimentos dessa “Nova Ordem” por definir, mas em que a anterior já dá mostras de não funcionar, perceciona-se que o centro de gravidade do Poder Mundial está a transferir-se para o Indo-Pacífico, onde se encontra a potência emergente e desafiante – a China – e onde se situam dois outros “hot spots” de instabilidade potencial para a Paz e Estabilidade Internacional – Taiwan e o conflito político/militar latente, entre as duas Coreias.

A isto e com a mesma gravidade e potencial de instabilidade, junta-se o Médio Oriente e, em particular, a sempre tensão entre o Irão e Israel. Neste ambiente internacional, as Organizações Internacionais, onde reside o garante do Direito Internacional, têm revelado incapacidade ou passividade de atuação, a par de um certo falhanço da Diplomacia em encontrar ou, no mínimo, propor alternativas político-diplomáticas, que se sobreponham à via militar que tem prevalecido.

Neste conflito existem dois aspetos a salientar, pelos efeitos de âmbito estratégico e tático que têm alcançado: a Estratégia de Comunicação e a Utilização do Espaço em termos militares. No primeiro caso, tem havido grande proatividade por parte da Ucrânia, em particular de Zelensky, que todos os dias está presente nos media. Quanto à utilização do Espaço, os dois contendores têm-no feito, seja com ações no ciberespaço, informação (data e imagens) provenientes de satélites, “data links”, Comunicações, GPS, TIC, Robótica, IA e IOT, mas, particularmente, o acréscimo do número de satélites “Low Earth Orbit”, vocacionados para as comunicações e obtenção de imagens, que se contam por milhares. Parece assim ser evidente que a Segurança da Europa e do Ocidente Alargado, e também a nossa Prosperidade, dependem cada vez mais da nossa capacidade de garantir a segurança e a utilização do Espaço, nos seus múltiplos domínios.

Desde o início do conflito, temos assistido a uma política de sanções à Rússia, de iniciativa dos EUA e da UE, que a China considera unilaterais e à revelia do Direito Internacional, que, certamente, a prazo, terão impacto significativo na economia e na indústria russa, mas que, perversamente, tem tido efeitos negativos na economia europeia e no custo de vida dos cidadãos europeus, a par da perturbação que causou nas diversas cadeias de abastecimento, a nível mundial.

Apesar dos efeitos das sanções, também na economia global, mesmo que seja encontrada a breve trecho uma solução política/diplomática para “Guerra”, enquanto Putin se mantiver no poder, embora algumas possam vir a ser atenuadas, não serão levantadas na totalidade.

Também desde o início, temos assistido ao apoio à Ucrânia, quer em material de guerra quer em termos humanitários e financeiros, permitindo a sua defesa militar perante a Rússia, pelo designado Ocidente Alargado, cabendo o maior desse apoio aos EUA, seguindo-se a UE. Se isso constitui uma inequívoca prova de solidariedade, é também, para a liderança ucraniana, uma dependência e uma falta de liberdade de ação política que não deve ser ignorada, especialmente, se as opiniões públicas europeias e americanas, começarem a acusar algum “cansaço da guerra”.

De referir também que, apesar das tentativas de Zelensky: criação de uma Zona de Interdição Aérea; escolta dos navios transportadores de cereais por uma Força Internacional; comparar os bombardeamentos a Armas de Destruição Maciça; a Força de Segurança Internacional para as centrais nucleares e, por último, a dramatização da queda do míssil em território polaco, a guerra não subiu o patamar da internacionalização e do envolvimento direto, quer da OTAN quer dos EUA.

Estamos numa fase da guerra em que, quer a Rússia quer a Ucrânia, procuram estabilizar, do ponto de vista militar, as frentes de contacto, preferencialmente apoiadas em obstáculos naturais, com valor defensivo – daí os esforços russos em defender na região de Zaporizhzhya e respectiva cidade, procurando chegar ao Rio Deniepre (Bachemut, Avdiivka, Krememchuc e Dnipro). Do lado ucraniano, a intenção é opor-se a este avanço e ao objetivo declarado e, se possível, desencadear uma ação ofensiva destinada a fazer recuar os russos, quebrar a atual continuidade geográfica de Luhasnsk, a Kherson e à Crimeia e atingir o Mar de Azov.

Face às condições climatéricas, as operações terrestres têm sido de baixa envergadura, embora possam subir de intensidade quando os terrenos gelarem e permitirem uma maior transitabilidade. O que temos assistido nas últimas semanas são ações de bombardeamento de infraestruturas de energia e de abastecimento de água ucranianas, por parte da Rússia, de forma sistemática e a todas as cidades mais importantes em todo o país.

Estamos perante uma situação operacional, que configura o conflito aberto entre a Rússia e a Ucrânia, com operações militares convencionais, com carácter limitado no terreno e nos meios militares empregues e, como cenário de evolução mais perigoso, ser considerado o “spill over” do conflito, com a sua internacionalização (envolvimento da OTAN) e evolução para uma guerra generalizada, podendo ascender ao patamar nuclear. Subjacente ao cenário mais provável e em curso, são muito possíveis as ameaças cibernéticas e a possibilidade de acidentes do tipo do que ocorreu em território polaco, com a queda de um míssil, no caso vertente, um míssil AAA S-300 ucraniano.

Todas as guerras terminam por uma de duas opções: a vitória de uma Parte/Coligação sobre a outra ou, pela via negocial. Como não parece provável que se venha a esgotar a via militar, levando à capitulação de uma das partes (não é provável que isso venha a acontecer à Rússia, e que o Ocidente Alargado permita que o mesmo se passe com a Ucrânia), estamos perante um cenário mais provável do fim do conflito, por uma solução político/diplomática. A grande questão é quando e o que poderá acelerar essa opção.

A Rússia tem vindo a tentar quebrar a vontade de prosseguir a guerra, por parte da Ucrânia, através dos bombardeamentos às infraestruturas, como já foi referido, podendo criar uma situação insustentável que leve a acelerar uma negociação se, por exemplo, conseguir uma ação ofensiva que empurre as forças ucranianas para fora do Dombass, que atinja o Rio Deniepre e volte a ameaçar Odessa e Kharkiv. Do lado russo, um desaire decorrente de uma ofensiva ucraniana, que quebre a continuidade territorial entre o Luhansk e a Crimeia, chegando ao Mar de Azov e ao Mar Negro. De acordo com os indícios operacionais atuais, a primeira possibilidade afigura-se mais provável do que a segunda.

O possível processo negocial será difícil e demorado, estarão em cima da mesa eventuais cedências territoriais, podendo, no entanto, iniciar-se pelo estabelecimento de um “cessar fogo”, sem reconhecimento internacional das regiões ocupadas ”de facto”, mas permitindo a salvaguarda das populações e a reconstrução do país. Não será uma negociação a dois (Ucrânia e Rússia), envolverá mais atores internacionais, muito provavelmente a ONU, a OSCE, os EUA, a Turquia e, eventualmente, a OTAN e a UE, podendo conduzir a uma situação que configura o “congelamento do conflito”, obrigando a Rússia a manter elevados efetivos nos territórios agora ocupados para garantir o “status quo”.

É uma solução que configura um conjunto de realidades estratégicas que não desagradará aos EUA e, de certo modo, à China: concretizou-se o enfraquecimento da Rússia, fruto das sanções e embargos, a par de algum isolamento político; quebrou-se a ligação estratégica da Europa com a Rússia (petróleo e gás natural); aumentou-se a dependência energética da Europa, relativamente aos EUA; a Europa enfrenta dificuldades económicas, políticas e militares, que adiam a “autonomia estratégica europeia” e enfraquece a sua competitividade nos mercados internacionais; a “Intranquilidade política e a desconfiança entre Atores” vai materializar o reforço da OTAN e o investimento e o reforço militar, dos Países-membros; tornou-se mais complexa a futura “arquitectura de segurança e defesa europeia”, que não pode ignorar a Rússia e a sua participação e, que, não pode dispensar, também, os EUA.

É também uma solução que permitirá reconstruir a Ucrânia (estima-se em 750 mil milhões de Euros), treinar, reequipar e rearmar as forças armadas ucranianas, situação que agradará também às fileiras industriais do armamento, da produção e comercialização da energia, da construção e fornecimento de equipamentos e, também, às áreas do investimento e do setor financeiro.

Um outro acelerador do processo negocial, embora exterior ao conflito, pode surgir do cansaço da guerra por parte das opiniões públicas europeias e americana, que venham a pôr em causa a dimensão atual do apoio à Ucrânia, quer militar quer humanitário e financeiro. As manifestações anti-guerra e também contra as sanções e embargos de gás e petróleo já estão a acontecer na Alemanha, na República Checa, na Eslováquia, na Áustria e na Itália.

Por último, e sem qualquer carácter de previsibilidade ou probabilidade de ocorrência, pode acontecer uma alteração qualitativa da liderança política de qualquer dos países em conflito, mais moderada ou mais agressiva, que introduza uma alteração radical da atual situação, seja no sentido da sua resolução político-diplomática seja na agudização da conflitualidade das operações militares, exigindo uma nova avaliação dessa conjuntura.

As operações terrestres no período têm sido limitadas, estando a maior atividade operacional a acontecer na região de Bachemut, onde tem havido iniciativa russa e as tropas ucranianas a revelar dificuldades. O ênfase da atividade operacional tem sido os bombardeamentos às infraestruturas ucranianas, como já foi referido. Devendo ser salientado, também, os efeitos da quebra ou instabilidade da energia, em todo o sistema “C4 Warfare” (Comando, Controlo, Comunicações, Computadores, Informações, Vigilância, Reconhecimento, Aquisição de Objetivos, etc.).

A Ucrânia levou a cabo três ataques a duas bases aéreas e a um depósito de combustível, no interior da Rússia, Diaguilevo, na região de Riazan, e à de Engels, na região de Saratov, a centenas de quilómetros da fronteira ucraniana, e o depósito de combustível na região de Kursk. Estima-se que a ação tenha sido efetuada por drones de vigilância soviéticos, datados de 1970, TU-141 Strizh, com um alcance de cerca de 1000 Kms, modificados pelos ucranianos e capazes de transportar uma carga explosiva de 50/100 Kg. Este ataque materializa uma ação operacional muito significativa, do lado ucraniano e, paralelamente, revela fragilidades operacionais russas, difíceis de explicar, a não ser por incompetência ou laxismo.

Salientam-se as declarações de Zelensky ao Financial Times, em que refere as dificuldades que a destruição das infraestruturas tem causado ao país (80% de destruição e as populações mergulhadas na escuridão), mas também o seu pensamento de rejeição de quaisquer negociações, enquanto os russos não retirarem dos territórios ocupados, incluindo a Crimeia, rejeitando também um cessar-fogo por considerar isso um ”congelamento do conflito”.

Paralelamente e de forma algo inesperada, houve a afirmação de Biden, durante os encontros que têm acontecido com Macron, nos EUA, de que estaria disponível para “se encontrar com Putin, se este estiver interessado em acabar com a guerra”. Este pode ser um primeiro sinal de que algo possa estar em marcha, tanto mais que órgãos de Comunicação Social russos indicaram que 55 % da população seria favorável a um processo negocial para acabar com o conflito. Contudo, Putin já respondeu que “a exigência da retirada russa é uma opção pelas posições ucranianas, o que é inaceitável para a Rússia e que o não reconhecimento das regiões ocupadas como território russo complica também o processo negocial”.

No momento atual, a Rússia parece pretender ganhar outras vantagens territoriais, durante o Inverno, que reforcem a sua posição negocial. Estamos no início de um processo que deverá decorrer de forma discreta, entre os “staffs” de Blinken e Lavrov, posteriormente entre estes e, caso tenha condições de sucesso, mais tarde entre os grandes decisores. É positivo também que Macron e Olaf Scholz tenham voltado a falar, longamente, com Putin.

Após o encontro com Biden, as declarações de Macron, relativamente a “uma arquitetura de segurança e defesa europeia”, que acomode as preocupações de segurança dos europeus, da OTAN e da Rússia, foram mal recebidas por Kiev, pelos Países Bálticos e pela Polónia. Continua a ser uma realidade que, na Europa, o “Dilema de Segurança”, tem uma fratura que passa por aqueles países e onde se inclui o Reino Unido, que apostam na derrota e isolamento da Rússia e, um outro grupo, que tem uma visão diferente do relacionamento futuro, liderado pela França e Alemanha, e onde convivem posições pró-russas, como a Hungria e a Sérvia, e mais um conjunto de países que reagem de forma conjuntural. É uma realidade que não ajuda ao fim da guerra, fazendo prever que a posição dos EUA será determinante neste contexto.

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* Presidente da Direção da Revista Militar.

 

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Resumo do Acervo Articular da Revista

 

1. Prémio Revista Militar – Regulamento
   

Artigo 1.º – Instituição do Prémio

1 – A Revista Militar institui o «Prémio Revista Militar» destinado a galardoar, anualmente e nas condições do presente Regulamento, trabalhos publicados naquele órgão de comunicação social, a partir de janeiro de 2023.
2 – O «Prémio Revista Militar» é constituído por dois galardões: “primeiro lugar” e “menções honrosas”.
3 – O aviso do «Prémio Revista Militar» relativo a um ano civil é publicado na Revista Militar de dezembro do ano anterior e a atribuição dos galardões ocorre durante o segundo semestre do ano seguinte.


Artigo 2.º – Atribuição do Prémio

1 – O «Prémio Revista Militar» é atribuído aos artigos que, versando assuntos de carácter militar, forem distinguidos pelo Júri dentre os que tiverem sido
publicados na Revista Militar no ano civil a que o Prémio diz respeito.
2 – Um artigo que tenha sido publicado, parcialmente, em números da Revista de mais de um ano civil, será considerado para avaliação, na sua totalidade, no ano em que tiver ocorrido a sua conclusão.
3 – Podem ser considerados para apreciação pelo Júri conferências, comunicações e outros trabalhos apresentados em cursos, colóquios, simpósios, licenciaturas e cursos de pós-graduação, desde que publicados na Revista Militar e satisfaçam às demais condições do presente Regulamento.
4 – São excluídos de avaliação os artigos que tenham sido difundidos ou publicados em qualquer outro órgão de comunicação social.
5 – Este Prémio pode ser acumulável com qualquer outro prémio que possa vir a ser instituído pela Revista Militar, desde que o respetivo regulamento
não mencione disposição em contrário.

 

Artigo 3.º – Constituição do Júri

1 – Para atribuição do «Prémio Revista Militar», será constituído um Júri presidido pelo Presidente da Direção da Revista Militar ou de um seu Delegado,
tendo como vogais:

a) Um oficial superior, solicitado ao Estado-Maior do Exército;
b) Um oficial superior, solicitado ao Estado-Maior da Armada;
c) Um oficial superior, solicitado ao Estado-Maior da Força Aérea;
d) Um oficial superior, solicitado ao Comando-Geral da Guarda Nacional Republicana (GNR);
e) Um vogal da Direção da Revista Militar;
f) Servirá de Secretário o vogal da Direção da Revista Militar.

2 – Da reunião de apreciação dos artigos publicados, será elaborada uma ata onde consta a deliberação do Júri, que será presente para homologação
ao Presidente da Direção da Revista Militar, após apreciação prévia em reunião da Direção.
3 – Da decisão homologada pelo Presidente da Direção, não haverá recurso.


Artigo 4.º – Apreciação dos artigos pelo Júri

1 – A apreciação pelo Júri dos artigos para a atribuição do «Prémio Revista Militar» compreende duas fases:

a) Primeira fase:

(1) O Presidente do Júri distribui pelos oficiais mencionados nas alíneas a., b., c. e d., do nº 1 do Artigo anterior os artigos previamente indicados pela Direção da Revista, em condições de serem apreciados para atribuição do Prémio.
(2) Cada um dos oficiais referidos na alínea anterior aprecia os artigos que lhe foram cometidos e, dentre estes, destaca dois para apreciação por todos os membros do Júri, transmitindo a respetiva opinião ao Presidente do mesmo, através de correio eletrónico, fax ou correio normal, a enviar para o Secretariado da Revista;
(3) O Presidente do Júri comunica as opiniões dos oficiais dos Estados-Maiores dos ramos das Forças Armadas e do Comando da GNR a
todos os membros do Júri para efeitos de apreciação conjunta.

b) Segunda fase:

(1) Em reunião do Júri e com vista à atribuição do Prémio, são considerados apenas os artigos previamente selecionados na fase anterior, os quais são apreciados quanto ao seu mérito absoluto;
(2) O “primeiro lugar” é atribuído ao artigo que for considerado o melhor em mérito relativo;
(3) As “menções honrosas” podem ser atribuídas a outros trabalhos com evidente destaque de mérito;

2 – A não atribuição do “primeiro lugar” não inviabiliza a atribuição de “menções honrosas”.
3 – No caso de a nenhum dos artigos apreciados ser reconhecido mérito absoluto, o Júri deliberará a não atribuição dos Prémios.


Artigo 5.º – Avaliação do mérito dos artigos

Para a apreciação dos trabalhos mencionados no artigo anterior e com vista a determinar o mérito absoluto dos mesmos, define-se a seguinte metodologia de análise e valoração:

a) Fatores de análise:

(1) Originalidade do tema, oportunidade e criatividade;
(2) Esquema geral de apresentação (introdução, desenvolvimento e conclusões), sua sequência, sistematização e equilíbrio;
(3) Profundidade, ponderação e consistência no tratamento do tema, qualidade da informação de apoio e correção na referenciação das
fontes de consulta;
(4) Capacidade de seleção e análise das questões significativas e de fazer emergir novas ideias;
(5) Coerência das conclusões com os objetivos propostos e com as ideias desenvolvidas;
(6) Expressão escrita, nas perspetivas da clareza, da linguagem e do estilo.

b) Valoração:

(1) Cada um dos fatores de análise enumerados deve ser quantificado numa escala de 1 a 5, sendo este o melhor valor;
(2) Os fatores de análise 3, 4 e 5 serão ponderados com o coeficiente 2 e os restantes serão de coeficiente 1.

 

Artigo 6.º – Entrega dos galardões do Prémio

1 – A entrega dos galardões do Prémio tem lugar em Assembleia Geral da Revista Militar.
2 – A natureza do Prémio para o galardão “primeiro lugar” será estabelecida pela Direção da Revista Militar.
3 – Aos autores dos artigos galardoados são entregues os correspondentes diplomas.
4 – Relativamente aos militares das Forças Armadas e da GNR que forem galardoados com o «Prémio Revista Militar», a Direção da Revista envia para
os respetivos comandos superiores a informação adequada.


Artigo 7.º – Disposições finais

1 – O presente Regulamento foi aprovado em Assembleia Geral da Revista Militar, de 9 de dezembro de 2019.
2 – Ficam sem efeito as disposições relativas ao «Prémio Revista Militar», publicadas anteriormente.
3 – O presente Regulamento entra em vigor em 1 de janeiro de 2023.

 

 

2. Que Políticas para o Serviço Militar em Portugal? (algumas questões que importa responder)

   Tenente-general Joaquim Formeiro Monteiro

Nunca tendo havido lugar, no seio da sociedade portuguesa, o indispensável debate sobre a prestação de Serviço Militar em Portugal, após 25 Abril de 1974, com o rigor e a lucidez que a sua importância exigiria, torna-se urgente, então, uma necessária como aprofundada reflexão sobre uma política pública reconhecidamente relevante para as Forças Armadas (FA) e para o País, num momento particularmente grave para a defesa e segurança europeias. (...)

 

3. Juramento de bandeira para cidadãos civis? Uma ideia mais do que interessante
   Brigadeiro-general Henrique José Pereira dos Santos

Quando pela primeira vez tomei conhecimento da existência de uma cerimónia de juramento de bandeira para cidadãos civis em Espanha, considerei o evento um pouco estranho, na medida em que sempre associei tal tradição a uma especificidade militar, que não se enquadrava noutro contexto que não o da assunção da condição militar pelos cidadãos que, por esta via, passavam a ser militares na sua plenitude. (...)

 

4. O Mar Negro na afirmação internacional da Rússia
   Capitão-de-mar-e-guerra António Gonçalves Alexandre

A implosão da União Soviética, em 1991, marcou a emergência de Estados litorais independentes na região do Mar Negro – Bulgária, Geórgia, Roménia, Rússia e Ucrânia. Desde então, o núcleo central daquela região passou a englobar aqueles cinco Estados ribeirinhos. Alguns autores – como Charles
King (2008), Neil Melvin (2018), Alexandra Kuimova ou Siemon Wezeman (2018) – consideram, porém, que os limites atribuídos a tal região podem variar substancialmente, dependendo da perspetiva geográfica, histórica ou cultural específica. (...)

 

5. De como Portugal se tornou independente do Brasil e suas consequências
   Tenente-coronel João José Brandão Ferreira

A descoberta oficial do Brasil (oficial, pois foi quando a Coroa Portuguesa assumiu o seu “achamento”), em 22 de Abril de 1500 – dado haver praticamente a certeza de que navegadores portugueses já lá teriam chegado antes – foi sem dúvida um dos marcos fundamentais da superior saga descobridora portuguesa. O território era de uma beleza exuberante, a terra ubere e o subsolo veio a revelar ser um manancial de riquezas. (...)

 

6. A Uniformologia do Corpo Expedicionário Português. Os Uniformes Portugueses da Grande Guerra
   Dr. João Costa SilvaDr. Manuel Martins

A proposta para esta investigação teve como ponto de partida a procura das respostas às seguintes questões: Qual foi a evolução do exército desde o final da Monarquia até à I Guerra Mundial a nível da sua dimensão, recursos e natureza? Quais eram as principais influências e origens do fardamento? Há alterações diacrónicas nos Planos de Uniformes de 1911, 1913 e 1916? Tendo em conta as condições das trincheiras da Grande Guerra, como correspondeu o fardamento e o equipamento português? (...)

 

7. Crónicas Bibliográficas
   

a) Fim de Império (1947-1975)

                 Capitão-de-mar-e-guerra José António Rodrigues Pereira

b) GUERRA E MUDANÇAS na Europa e no Mundo no Século XXI

                 Major-general João Vieira Borges

 

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REVISTA MILITAR @ 2023
by CMG Armando Dias Correia