Nº 2493 - Outubro de 2009
2493 - Outubro de 2009
Editorial - Segurança Internacional, Defesa Nacional e Capacidades Militares
General
Gabriel Augusto do Espírito Santo
Desde há alguns anos que os conceitos de segurança internacional, no conceito da Carta das Nações Unidas, têm prevalecido sobre os conceitos de defesa nacional em termos de planeamento estratégico e consequente desenvolvimento das capacidades militares para o combate, com um nítido desequilíbrio dessas capacidades face ao que se entende por capacidades para a segurança ou outras operações militares que não o combate. (...)
Pirataria no Corno de África - um problema duradouro
Contra-almirante
Luís Nuno da Cunha Sardinha Monteiro
 
Capitão-de-fragata Nuno Sardinha Monteiro
 
 
Assistiu-se nos últimos anos a um recrudescimento da pirataria no Corno de África. Como a História mostra, para derrotar a pirataria sempre foi necessário intervir em terra e no mar, não se conseguindo erradicar este fenómeno se não se combinarem essas actuações.
 
No entanto, na actual conjuntura geoestratégica, não parece haver capacidade disponível para uma intervenção de state building na Somália. Nesse enquadramento, poderemos estar perante um problema duradouro, sendo que a melhor forma que a comunidade internacional tem para lidar com este problema é o reforço do patrulhamento por navios de guerra.
 
A Invasão de Soult e A Reconquista de Chaves aos Franceses. Uma análise operacional.
Tenente-coronel
Abílio Pires Lousada
A Reconquista de Chaves aos Franceses, ocorrida em 25 de Março de 1809, é um episódio inserto nas invasões a que Napoleão sujeitou Portugal no início do século XIX. Um episódio da Guerra Peninsular, um acontecimento particularmente relevante quando o tema é a Invasão de Soult. Duzentos anos decorridos, o tema renova a epopeia, tempo bastante para abordagens diferentes, novas interpretações e a especificação de uma operação militar que coloca Chaves na rota militar dos desastres napoleónicos em Portugal.
 
E se eles voltam!” era o dilema português após Junot ser expulso em Agosto de 1808. Um dilema centrado em preocupações militares, onde sobressaía a ausência de um exército regularmente organizado e preparado para enfrentar de novo os franceses.
 
Eles voltaram! E o resultado foi a mais curta Invasão Francesa, quer no tempo quer no espaço, em que a violência do confronto foi a característica dominante. O fracasso da invasão, mais que uma fatalidade francesa, constitui uma realidade prognosticada, de tal forma que o exército de Soult, que tinha Lisboa como objectivo final, não foi sequer capaz de se sustentar no Douro. Neste âmbito, a acção dos Fronteiros de Chaves e a reconquista da vila, por Francisco da Silveira, deram um contributo inestimável, desligando a «corrente» logística do exército francês e deixando-o com «um espinho» cravado nas costas.
 

O presente texto procura uma abordagem centrada na análise operacional e no «jogo táctico» dos dois comandantes em confronto: o General Nicolas Soult e o Brigadeiro Francisco da Silveira.

Especificidade dos conflitos em África
Doutora
Janete S. Cravino
Ao longo da História, o Continente Africano foi assolado, quase que em permanência, por conflitos externos e internos. Ainda que com dinâmicas específicas, todos eles contribuíram para a fragilização de um território já de si marcado pelos processos decorrentes da colonização, da Guerra-Fria, da ingerência de terceiros estados ou ainda de procedimentos eleitorais, nem sempre transparentes. Em Março de 2001, o British Department for International Development (organismo criado em colaboração com o Foreign and Commonwealth Office e o Ministry of Defence) elaborou um relatório onde enuncia as principais causas dos conflitos em África. Neste documento podemos perceber que, mais do que um fruto oriundo da diversidade étnica, a propensão para este género de conflitos é proveniente do colapso das instituições democráticas, dos elevados níveis de pobreza e da dependência económica dos recursos naturais. O texto aborda alguns dos factores que estão na origem da deflagração dos conflitos internos, dando particular atenção à questão dos estados fracassados, à da liderança (ou falta dela) e à questão que se relaciona com os processos eleitorais.
George Kenney and William Tunner: A brief analisys of two iconic air leaders
Brigadeiro-general
João Paulo Nunes Vicente
“What judgments and decisions are made by air leaders when faced with challenges? Moreover, how to make airpower effective in solving strategic challenges? A brief analysis about the missions of the Generals George Kenney in the Pacific and William Tunner in the “Hump” will provide some insights about the problem at hand.  By exposing the contexts, commander’s personality, and operational templates, this analysis will show the importance of formative experiences, nurturing relationships, and innovation in warfare.”
Aquisição de inteligência militar na Antiguidade: Alexandre e César, dois estudos de caso
Professor Doutor
Vicente Dobroruka
Este artigo lida com as diferenças essenciais na aquisição de inteligência por meios humanos e presenciais (humint) versus sua obtenção por meio da decodificação de sinais, muitas vezes remotos (sigint), no mundo antigo. Para tanto, servi-me do exame de dois casos singulares na aquisição e tratamento de informações, o de Alexandre e o de Julio César.
Iraque - Breve reflexão prospectiva
Coronel
Nuno Miguel Pascoal Dias Pereira da Silva
Foi-nos pedido, uma vez que estivemos cerca de seis meses no Iraque, para falarmos e reflectirmos um pouco sobre este teatro de operações.
 
Não pretendemos efectuar uma análise pormenorizada da situação actual do Iraque, uma vez o objecto deste estudo é o de apresentar uma caracterização geopolítica da região, para uma aula de geopolítica do curso de licenciatura em Relações Internacionais, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
 
Tentamos identificar os traços principais que caracterizam a região, bem como elencar alguns antecedentes históricos, que possam servir para ajudar a pensar o presente e a reflectir sobre o futuro, tendo em vista evitar que se cometam os mesmos erros do passado recente e que levaram a que o país esteja mergulhado numa guerra civil, entre etnias e religiões, em que o único objectivo comum que as une é o ódio aos americanos.
 
Demonstrando que os problemas que ora se vivem no Iraque, foram consequência do desmembramento do Império Otomano e de algumas decisões apressadas efectuadas pelos britânicos na Conferência do Cairo em 1920, vamos ainda falar sobre a política actual do Iraque e das eventuais soluções para o conflito, partindo do pressuposto de que a divisão do Iraque em estados independentes e em mais regiões autónomas não parece ser viável.
 
Vamos também tentar elencar todos os grupos insurgentes existentes no Iraque, e tentar identificar as suas motivações, bem como tentar demonstrar que a solução para o conflito, passa pelo entendimento com os países vizinhos do Iraque, pois é aí que estão as principais bases logísticas dos grupos insurgentes, acabando a falar da missão da NATO que nos levou ao Iraque, onde muito aprendemos a trabalhar com uma civilização diferente da nossa.
A Academia Militar e a Guerra de África: A Formação dos Quadros 1960 1974
Major-general
João Jorge Botelho Vieira Borges
Este artigo constitui o texto base da conferência proferida pelo autor no Seminário “A Academia Militar e a Guerra de África”, que teve lugar na Academia Militar (Aquartelamento da Amadora), no dia 8 de Maio de 2009.
 
O autor analisa a evolução da formação na Academia Militar no período entre 1960 e 1974, tendo por base os dados constantes na “Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974)” e nos diferentes “Anuários da Academia Militar” (entre 1959/60 e 1973/74), devidamente “aferidos” pelas percepções decorrentes de pequenas entrevistas efectuadas a alguns dos “cadetes” dos diferentes cursos da Academia Militar e a oficiais milicianos que dignificaram Portugal em todos os teatros de operações.
 
Com o objectivo de caracterizar resumidamente a formação dos quadros, entre 1960 e 1974, o autor começa por analisar a Guerra de África, para depois se debruçar sobre o papel da Academia Militar em todo o processo, com destaque para as preocupações de cada um dos comandantes (manifestadas através do “Pórtico” ou nos diferentes discursos publicados nos Anuários), para a evolução da legislação (orientada prioritariamente para a Guerra de África e para o recrutamento), para os planos dos cursos (nas suas três componentes; científica, militar e cultural), para os corpos docente e discente e para a formação dos quadros de complemento.
 

No final, o autor levanta dez considerações finais que, no seu conjunto, reforçam o papel importante que teve a Academia Militar (criada a 12 de Fevereiro de 1959, no lugar da Escola do Exército) na formação de uma geração de Oficiais (do Exército e da Força Aérea) “determinados, disciplinados, competentes e humildes”, que participou activamente na Guerra de África, mas que também soube restabelecer, de modo particularmente prestigiante, a Democracia em Portugal.

A apetência dos EUA sobre os Açores no ano de 1898: Uma história mal estudada
Tenente-coronel PilAv
João José Brandão Ferreira
O artigo faz uma análise sucinta da guerra que opôs os EUA à Espanha, no ano de 1898 e as consequências que tal conflito teve para Portugal.
 
Começa-se por fazer uma análise da situação interna portuguesa à data do conflito, bem como da situação geopolitica no mundo que interessa ao mesmo.
 
É feita uma descrição das operações militares mais importantes nos diferentes palcos onde ocorreram entrelaçando-se toda a situação política, estratégica, militar e até económica e social, com a posição do governo português e das variáveis que o condicionavam. É no meio desta conjuntura que os Açores emergem como uma posição geoestratégica de relevo descrevendo-se como as principais potências envolvidas no conflito encararam e reagiram a tal fenómeno.
Crónicas Militares Nacionais
Tenente-coronel
Miguel Silva Machado
  • Reforço orçamental para missões no Afeganistão;
  • Estratégia Nacional sobre Segurança e Desenvolvimento;
  • “Felino 2009”, em Moçambique;
  • Criada “Zona de Caça Nacional do Campo Militar de Santa Margarida”;
  • A Defesa Nacional nos programas eleitorais;
  • Novas Leis Orgânicas do EMGFA, Marinha, Exército e Força Aérea;
  • Prémios Defesa Nacional e Ambiente de 2007 e 2008;
  • Comité Militar da NATO em Portugal;
  • Exército rende contingente no Kosovo;
  • Novo contingente da GNR para Timor-Leste;
  • A GNR segundo o seu Comandante-Geral;
  • Forças Nacionais Destacadas em Setembro 2009;
  • Efectivos das Forças Armadas;
  • Os 100 anos da Aviação em Portugal em DVD.
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