Nº 2679 - Abril de 2025
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
Portugal e as Armas: História das Armas de Fogo Portáteis e das Indústrias Militares

Portugal e as Armas: História das Armas de Fogo Portáteis e das Indústrias Militares

Major-General Renato Marques Pinto

 

 

Este é um livro muito especial, pelo autor, pelo conteúdo, pela edição e pelos apoios.

Muito especial, pelo autor, que foi o meu primeiro comandante, quando assentei praça na Academia Militar em 1979 e que faleceu recentemente, a 17 de abril de 2024, com a bela idade de 98 anos, pouco depois da edição desta sua última obra. O Major-General Renato Fernando Marques Pinto chefiou a Divisão de Informações do Estado-Maior-General das Forcas Armadas e comandou depois a Academia Militar, enquanto Brigadeiro, entre 1978 e 1980. Publicou artigos sobre armas, informações e história militar e é sócio fundador da Associação Portuguesa de Colecionadores de Armas, sendo o autor com mais visualizações no site da Revista Militar com o artigo “As industrias militares e as armas de fogo portáteis no Exército português” (ver em https://www.revistamilitar.pt/top_abs/1).

Muito especial, pela qualidade do seu conteúdo. Este livro foi trabalhado tendo por base o artigo atrás referido, tendo o Tenente-General José Tavares Pimentel feito a ponte entre o artigo e o livro, incentivando o Major-General Renato Marques Pinto à escrita e fazendo os contactos com as diferentes editoras e também com a Comissão Portuguesa de História Militar (CPHM). Nas suas palavras “Esta valiosa obra é sustentada em dezenas de anos de pesquisa e escrita de forma a ir ao encontro dos especialistas e colecionadores, mas também do grande público. Pela inovação da abordagem histórica, pela investigação alargada aos diferentes arquivos e bibliotecas militares, pela qualidade da iconografia, pelo rigor histórico, científico e tecnológico, e pela inserção do profundo conhecimento do autor numa escrita de fácil leitura, este livro passará seguramente a constituir uma obra de referência”.

Para além dos agradecimentos e da introdução, o livro está dividido em duas partes: I – História; II – Origens e Caraterísticas das Armas Estrangeiras Adotadas em Portugal a Partir do Século XVIII. Inclui ainda, 8 excelentes Anexos, para além das Fontes e Bibliografia.

Na parte relativa à História, com 8 capítulos, destaco os Princípios do Armamento, a Evolução histórica, a relação com a fundação do Exército, o período da Guerra Peninsular, a Reconstrução do País, a Regeneração, as Armas automáticas e a Guerra Fria, até às armas modernas. Refere que a primeira menção sobre o emprego de armas portáteis por forças portugueses é de Rui de Pina na sua crónica de D. Duarte, aquando do relato da tentativa de conquista de Tânger em 1437. E que o termo espingarda, que começou a ser usado no século XV, terá sido proveniente do italiano spingarda, uma arma naval de pequeno calibre e de retrocarga, correspondente ao nosso berço.

Termina com uma síntese e conclusão nas páginas 177 a 179, de que destaco: “Em resumo, fabricámos, e bem, produtos de pouca tecnologia e dependentes da habilidade individual como a pólvora negra e as armas de bronze, mas não nos adaptámos facilmente ao trabalho do ferro. Por isso, as nossas armas de fogo portáteis foram importadas ou copiada. Uma exceção, as pistolas-metralhadoras FBP (Fábrica de Braço de Prata) concebidas e fabricadas aos milhares em Portugal. Uma virtude tivemos, soubemos escolher o material que adquirimos no estrangeiro. Foi quase sempre de qualidade e adaptado às necessidades do momento”.

E assim começa o segundo capítulo dedicado às Armas estrangeiras adotadas em Portugal a partir do século XVII. Destaca a espingarda Kropatschek, o revólver Abadie, as espingardas Mauder, Lee-Enfield, e Parabellum, as pistolas Savage, Walther e Glock para além de outras espingardas de assalta e especiais.

Entre os anexos destaco o n.º 5, relativo aos estabelecimentos militares de produção de armas, explosivos e munições, de 1947 ao início do século XXI, de que tanto precisámos hoje para renascer a tão necessária indústria de defesa: os menos jovens lembram-se certamente das fábricas de Barcarena, Chelas, Moscavide e Braço de Prata.

E volto à introdução: “Não pretendo glorificar as armas militares. Quero apenas enquadrá-las na sua época e tentar determinar a sua influência na História. Em boas mãos são um fator de liberdade. Sem elas os Estados estariam limitados nas suas opções políticas.”

E muito especial, pela excelente edição. Os nossos parabéns à editora “Edições Colibri”, na pessoa do Dr. Fernando Mão de Ferro que aceitou o desafio lançado pela CPHM. Um agradecimento especial ao Mestre João Moreira Tavares pelo trabalho importante de coordenação, transcrição (da escrita para o word) e revisão do texto, em estreita ligação com o autor, o qual contou ainda com a colaboração do Dr. Jaime Ferreira Regalado para a parte iconográfica. As imagens são excecionais, assim como as respetivas legendas. Foram solicitados apoios a várias instituições (CAVE, AHM, Museu do Ar, Museu Militar de Lisboa, Museu da Pólvora Negra, Casa de Fronteira e Alorna) e colecionadores (Jaime Regalado, Bryan Ferreira, Pat Scheid, Faria e Silva, Rainer Daehnhardt).

E finalmente, muito especial pelos apoios. Para além da CPHM, apoiaram a edição desta importante obra, o Estado-Maior-General das Forças Armadas, o Exército de Portugal e a Associação Portuguesa de Colecionadores de Armas. Ao Major-General Renato Marques Pinto os nossos parabéns e um até sempre.

 

A Revista Militar agradece a amável oferta do livro à editora “Edições Colibri” e felicita o Major-General Renato Marques Pinto na pessoa da sua filha, que acompanhou de perto a escrita, a edição e o lançamento da obra.

 

Major-General João Vieira Borges

Presidente da Comissão Portuguesa de História Militar

Sócio Efetivo e Vogal da Direção da Revista Militar

Major-general
João Jorge Botelho Vieira Borges
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