Nº 2679 - Abril de 2025
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
Poucos mas Bons, Portugal e a sua Marinha no Combate ao Tráfico de Escravos (1837-1904)


Poucos mas Bons, Portugal e a sua Marinha no Combate ao Tráfico de Escravos (1837-1904)

Jorge Moreira Silva

 

 

Poucos mas Bons, Portugal e a sua Marinha no Combate ao Tráfico de Escravos (1837-1904) de Jorge Moreira Silva é um profundo trabalho de investigação histórica sobre um importante mas pouco estudado aspecto do envolvimento da Armada Real Portuguesa.

Editado pela Guerra e Paz Editores, Lda, tem 304 páginas distribuídas por duas partes e seis anexos, além das correspondentes Introdução, Bibliografia, Índices, Tabelas, Figuras, Símbolos e Abreviaturas.

Na segunda metade do século XIX a mais importante missão da Armada foi o combate ao tráfico de escravos na costa africana.

A situação económica do país, depois das Invasões Francesas (1807-1812), da independência do Brasil (1822) e das lutas políticas internas (1826-1834), não lhe permitiram manter o nível do Poder Naval que tinha no início daquele Século.

Poucos (navios) mas bons (marinheiros) é um título bem conseguido para o que vem descrito no seu texto.

O autor inicia a sua obra com algumas pesquisas sobre a escravatura através dos tempos e da sua génese.

Apresenta-nos depois, o aparecimento e desenvolvimento do processo abolicionista, estudando, particularmente, o caso português.

Para terminar a Primeira Parte, o autor foca-se nas alterações das rotas e do tráfico face à perseguição que lhes era movida pelas potências abolicionistas. E também nesta matéria se refere o autor, especialmente, nas zonas de influência portuguesa e nas suas possessões.

Na Segunda Parte do livro, o autor aborda os antecedentes do combate português ao tráfico – muito antes das teorias abolicionistas – referindo o combate ao corso muçulmano – desde o princípio da nacionalidade – e a escravização das populações do litoral.

A conquista de Ceuta e outros portos atlânticos do Magrebe, e a criação da Esquadra do Estreito, no Século XVI, produziram uma diminuição dos efeitos dos ataques.

Tal estudo, obrigou também a uma análise política e diplomática das épocas abordadas.

Uma importante síntese das acções ao longo do Século XIX e dos seus resultados dá-nos uma indicação do esforço realizado por navios e guarnições portugueses.

Na caracterização das acções e tarefas da Marinha sobressai a sua importância, participando mesmo com os seus efectivos nas acções coordenadas pelas autoridades locais, mas também lutando contra a inépcia dessas mesmas autoridades.

No seu Anexo C estão sumariamente descritos mais de uma centena de confrontos com os traficantes de que resultaram a morte de duas dúzias de militares portugueses e a libertação de mais de um milhar de escravizados.

Sem meios materiais apropriados e em número reduzido, a Marinha contribuiu com o seu esforço para a eliminação do comércio de escravos de África para outros continentes, tarefa aqui devidamente investigada e discriminada.

Ao autor, que foi meu aluno da Escola Naval, envio as felicitações por este excelente trabalho e votos que continue a brindar-nos com novos trabalhos.

 

A Revista Militar agradece a oferta da obra e felicita o Capitão-de-mar-e-guerra Jorge Moreira Silva.

 

Capitão-de-mar-e-guerra José António Rodrigues Pereira

Vogal efetivo da Revista Militar

Capitão-de-Mar-e-Guerra
José António Rodrigues Pereira
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2025-08-16
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Capitão-de-Mar-e-Guerra

José António Rodrigues Pereira

Oficial de Marinha, nasceu em Lisboa em 7 de Junho de 1948, entrou para a Escola Naval em 1 de Setembro de 1966, sendo promovido a Capitão-de-mar-e-guerra em 27 de Julho de 1999, e passado à Reserva, por limite de idade, em 7 de Junho de 2005. Reformou-se, a seu pedido, em 30 de Dezembro de 2010.

Prestou serviço em diversas unidades navais, destacando-se os NRP Brava (1970), NRP Porto Santo (1970), NRP Boavista (Açores, 1970-71), NRP Velas (1971), NRP Jacinto Cândido (Moçambique, 1973-75), NRP Afonso Cerqueira (Timor, 1975-76), NRP Hermenegildo Capelo (1977), NE Vega (1984-85), NE Polar (1985-86) e NRP São Miguel (Golfo Pérsico, 1990-91); comandou os NRP Zaire (1979-82), e NE Polar (1986-88).

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by COM Armando Dias Correia