Nº 2427 - Abril de 2004
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
Crónicas - III - Crónicas Bibliográficas

Conquista de Madrid 1706

Portugal faz aclamar Rei de Espanha
o Arquiduque Carlos de Habsburgo
 
O Tenente-Coronel Art, Mestre em Estratégia, João Vieira Borges, na sequência de outros trabalhos sobre intervenções militares por­tuguesas no século XVIII, nomeada­mente: Guerra da Sucessão de Espanha (1701-1714), Batalha Naval de Cabo Matapão (1717) e Campanha do Rossilhão (1793-1795), apresenta na colecção Batalhas de Portugal da “Tribuna da História - Edição de Livros e Revistas, Lda.”, a Conquista de Madrid - 1706 - Portugal faz aclamar Rei de Espanha o Arquiduque Carlos de Habsburgo.
A sabedoria, potencialidades e capacidade de aprendizagem do autor, nos aspectos da interligação do estudo científico das questões de Segurança e Defesa actuais com “O Rosto da Batalha”, conduzida pelo Marquês das Minas para “ferir a Espanha no próprio coração - Madrid”, em 1706, percorrem a obra, dando-lhe força e sugerindo novas formas para trabalhar a história militar portuguesa.
 
Esta Conquista de Madrid percorre-se num fôlego, sem interrupção, tal o encanto descritivo, enquadrado em excelente qualidade gráfica e rigor histórico, das suas 100 páginas. A forma como o TCor Vieira Borges analisa uma campanha silenciada, obriga o leitor/estudioso a voltar a trás relendo, saboreando, linha a linha, todo o texto. Os catorze capítulos em que a obra se organiza são todos do maior interesse, e de tal forma apelativos ao estudo, que não se conseguem sugerir prioridades de leitura, mas antes se afirma haver impossibilidade de algum ficar no esquecimento.
 
Para além de O Rosto da Batalha; as Razões da Guerra da Sucessão de Espanha e Actores e Interesses, quem pode deixar de estudar Portugal na Guerra da Sucessão de Espanha, onde se diz, “A posição geoestratégica; Portugal estava localizado na confluência do Mediterrâneo (que podia controlar) com o Atlântico, cada vez mais importante nas relações econó­micas, em termos internacionais; o seu posicionamento continental era importante como base de apoio para conquista do território espanhol e especialmente dos Choke Points, minorca e Gibraltar, a partir dos seus portos, fundamentais para o controlo do Mediterrâneo; Portugal era ainda uma média potência marítima, sendo determinante para qualquer hegemonia naval a conquista dos seus portos continentais e ultrama­rinos, fronteira com o Atlântico e com o Mediterrâneo.” Mas o Mestre Vieira Borges, TCor com o CEM, continua, trabalhando O Ambiente Militar; Os Comandantes; a Cronologia da Guerra da Sucessão de Espanha; o Enquadramento Militar da Guerra; a Campanha e Conquista de Madrid, onde se destacam o Cerco de Alcântara (09 a 14 de Abril de 1706) e a Conquista de Madrid, 28 de Junho de 1706. A seguir surgem os últimos números, De Madrid ao Armistício; A Paz de Utreque; Consequências da Guerra; Uma Análise Estratégica, que termina, “Foi assim que o marquês das Minas soube colocar os portugueses de então a viver o sonho, com glória pessoal, mas sobretudo colectiva de um povo com pouco mais de dois milhões de homens e mulheres, que se orgulhava novamente de falar a língua de Camões pelos quatro cantos do mundo.” E, por último, o livro encerra com a Ordem de Batalha.
 
A Direcção da Revista Militar felicita o autor, membro da actual Direcção, reiterando o afirmado em crónicas sobre outros trabalhos, no que respeita ao valor da obra que tem vindo a construir no enriquecimento da Estratégia, projectando conhecimentos e métodos de investigação histórica no mundo militar português do século XXI.
 
O TCor, Mestre, João Vieira Borges, ao interligar com mérito reconhecido, trabalho de investigação e docência na Academia Militar, gestão de protocolos com a Universidade do Minho, preparação de textos académicos publicados em revistas técnicas, transporta para a obra objecto desta crónica um conjunto de saberes da maior importância.
 
A Revista Militar agradece à editora “TRIBUNA DA HISTÓRIA - Edição de Livros e Revistas, Lda.” o envio de mais este título da sua excelente colecção Batalhas de Portugal.
 
Coronel António Pena
Director-Gerente do Executivo da Direcção
 
 

Introdução à Estratégia

 
Esta obra do General francês, André Beaufre, fundador da Escola Francesa de Estratégia consegue, em apenas 150 páginas, comunicar o essencial da doutrina estratégica.
 
A presente edição, integrada na Colecção Clássicos do Pensamento Estratégico, que Edições Sílabo apresenta aos leitores e estu­diosos, desta área de conhecimento, foi publicada no original em 1963. O seu con­junto, texto do General Beaufre, Prefácio de 1963 (Liddell Hart) e a oportuna lição do Tenente-General Abel Couto, apresentada no Prefácio à Edição Portuguesa (Dezembro de 2003), constitui-se obra de referência, cuja recensão se faz com agrado, sendo assumida como privilégio.
 
O livro, a sua totalidade, sugere muitas e variadas reflexões, mas tendo em vista as dinâmicas, bélica e política, da actualidade relevam-se algumas passagens, inspiradoras da mudança que urge fazer neste campo:
- André Beaufre, logo no início da sua formação militar, aos 19 anos, destacou-se na aprendizagem da disciplina de História;
- Na carreira castrense, Tenente a General, interligou qualificações militares do mais alto nível (Curso de Estado-Maior) com outras áreas científicas adquiridas no ambiente civil (Escola de Ciências Políticas) e na área funcional tarefas de EM (variadas) com comando efectivo de tropas em diversos escalões, subalterno, capitão, oficial superior e oficial-general;
- O General Beaufre passa à Situação de Reforma, a seu pedido, aos 59 anos de idade (1961), mas na sequência de boa prática articulista e de permanente vivência intelectual, cria (1963) o Instituto Francês de Estudos Estratégicos que hoje se integra (órgão autónomo) no Instituto Francês de Relações Internacionais;
- A estratégia beaufreana, “(...) desenvolve a ideia de uma grande estratégia que respeitaria aos outros domínios da capacidade do Estado (...)”;
- Toda a obra de André Beaufre, iniciada com esta Introdução à Estratégia no original francês, foi trabalhada no Instituto de Altos Estudos Militares por iniciativa do Tenente-General Kaúlza de Arriaga. “O estímulo e clareza proporcionados pelo trabalho do General Beaufre tiveram, assim, uma forte influência na solidez da doutrina estratégica produzida no IAEM, reconhecida por entidades internacionais insuspeitas, e que ajuda a compreender como foi possível a um pequeno país como Portugal suportar, durante tanto tempo, um tão intenso esforço estratégico.”;
- Na Introdução o General alarga o conceito de estratégia, que considera “método de pensamento”, explicando que a cada situação corresponde determinada estratégia, sempre norteado pelas noções de conhecimento e de aprendizagem, estando hoje este último conceito a desenvolver-se na sociedade;
- Ao longo da Introdução à Estratégia transparece a importância dos factores psicológicos, Valorizando a Incerteza, por forma semelhante ao que sucede actualmente na sequência dos trabalhos científicos dos Prémio Nobel de Economia de 2002 - Smith e Daniel Kahneman;
- Na sua esgrima estratégica (Pag83) o General diz, “Todas estas consi­derações mostram a principal dificuldade da arte militar, a saber, a sua variabilidade. (...)Qualquer inovação constitui um risco enorme, mas manter a rotina é perder antecipadamente.”;
- No “Plano psicológico”, do capítulo onde se aborda a “Concepção da manobra indirecta”, refere-se, com influência da preparação da doutrina dos nossos dias, “A linha política de base, que tem de estar em harmonia com a linha política necessária à manobra externa, deve ser concebida de maneira a poder mobilizar para a luta as paixões latentes do povo que se quer cativar. Além disso, essas paixões (patrióticas, religiosas, sociais, etc) devem ser apresentadas segundo uma orientação que mostre a justiça da causa que se quer promover.”;
- A última referência destacada integra-se em “Conclusões sobre a estratégia indirecta”, últimas linhas, apela, há quarenta anos, ao conceito agora a iniciar percurso de consolidação - APRENDIZAGEM. Na forma,
Aprendamos a sobreviver na ‘paz’ e a salvar o que nos resta dela.
Aprendamos a estratégia indirecta.”
 
A Revista Militar agradece a “Edições Sílabo, Lda” o exemplar enviado para a sua Biblioteca, felicita a editora por reunir mais uma obra de excelência ao seu âmbito editorial “A Estratégia ao Serviço da Política, da Guerra e das Empresas”, e também se congratula pela sabedoria emergente do Prefácio à Edição Portuguesa, apresentado pelo Sócio Efectivo da Revista, Tenente-General Abel Cabral Couto.
 
Coronel António Pena
Director-Gerente do Executivo da Direcção
 
 
 
 
Bibliografia
 
 
Publicações recebidas por permuta e oferta
 
Periódicos Portugueses
- Boletim da ASMIR (Associação de Militares na Reserva e Reforma) - Ano º. 15, Nº. 88, Jan/Fev2004.
- Expressão - Boletim da AOFA (Associação de Oficiais das Forças Armadas) - Nº. 1, Jan2004.
- Jornal do Exército (JE) - Ano 45º., Nº. 526, Jan2004.
- O Despertar (Coimbra) - Ano 86º., Nº. 8280, 27Fev2004.
- Revista da Armada - Ano 33º., Nº. 373, Mar2004.
- Revista de Administração Militar (EPAM) - Ano 2º., Nº. 5, 3ª Série, Jan/Mar2004.
 
Periódicos Estrangeiros
- Défense Nationale (Paris) - Ano 60º., Nº. 03, Mar2004.
- Defense News (USA) - Fev e Mar2004.
- Ejército (Madrid) - Ano 65º., Nº. 754, Jan/Fev2004.
- Military Review (Edição Brasileira) - Volume 83, Nº 4/2003.
- Rivista Militare (Roma) - Nº. 1, Jan/Fev2004.
Coronel
António de Oliveira Pena
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2009-06-16
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