Nº 2657/2658 - Junho/Julho de 2023
Pessoa coletiva com estatuto de utilidade pública
Mulheres militares Paraquedistas, 1992-2023
Tenente-coronel
Miguel Silva Machado

Depois das Enfermeiras Paraquedistas dos anos de 1960 e 1970, incorporadas ao abrigo de legislação excepcional, uma nova Lei do Serviço Militar de 1987 permitiu a prestação de Serviço Militar para voluntários do sexo feminino. Em 1991, uma alteração a esta lei alargou as obrigações militares ao sexo feminino; estava o caminho aberto para as Tropas Paraquedistas voltarem a incorporar voluntárias. Este artigo resume o essencial destes 30 anos de história das mulheres que, desde 1992, conquistaram a boina verde.

 

Enfermeiras paraquedistas

Muito tem sido escrito e bem sobre estas pioneiras do serviço militar feminino em Portugal, é um assunto bem documentado – ver bibliografia – apenas o refiro para enquadrar este artigo. Faço-o porque, ao contrário do que possa parecer, há diferenças relevantes entre esta especialidade
da Força Aérea criada para apoiar o esforço de guerra no Ultramar e as novas gerações de mulheres que nos anos 90 do século XX iniciaram a vida militar.

A criação de um corpo de enfermeiras paraquedistas foi iniciativa do Secretário de Estado da Aeronáutica, Kaúlza Oliveira de Arriaga. A ideia surgiu de Isabel Bandeira de Mello (Rilvas), a primeira mulher paraquedista portuguesa, com o curso tirado em França, em 1955, e que tinha muitas ligações com os paraquedistas portugueses, inclusive realizava saltos em paraquedas a partir de aviões militares em Tancos. Tendo contactado com esta especialização em França, sugeriu-a a Kaúlza de Arriaga que abraçou de imediato o projecto, mandou estudar o assunto e obteve a concordância do Presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar, para avançar. Criou-se uma legislação especial e a sua missão foi claramente estabelecida no Despacho Nº418/SEA/25JUL1961 “(…) prestar assistência de enfermagem de todos os graus de tecnicidade em locais de difícil acesso, a bordo de aeronaves, em locais de grande aglomeração de feridos e/ou doentes, em hospitais militares e, excecionalmente, em hospitais civis”. Só eram aceites voluntárias que fossem enfermeiras diplomadas e as que ultrapassaram as provas de acesso foram integradas em cursos de paraquedismo exclusivos para enfermeiras paraquedistas. Eram consideradas em termos legais “pessoal especializado em paraquedismo equiparado a militar”, o mesmo estatuto que tinham os médicos, veterinários e capelães da Força Aérea e dos paraquedistas que neste Ramo das Forças Armadas estavam integrados. No Regimento de Caçadores Paraquedistas (RCP), os quadros orgânicos foram alterados para as incluir e apenas consideravam sargentos e oficiais, sendo o posto mais elevado, capitão. No entanto, sendo “pessoal equiparado a militar” não eram promovidas a estes postos, mas sim graduadas. Constituíam uma Especialidade da Força Aérea, tinham uniformes e simbologia próprios previstos, primeiro, num Despacho do Secretario de Estado da Aeronáutica e, depois, nos sucessivos Regulamentos de Uniformes da Força Aérea, até 31 de Dezembro de 1993. O pessoal equiparado a militar da Força Aérea, quando especializado em paraquedismo, tinha as mesmas obrigações que os restantes paraquedistas para manter a qualificação e o uso da boina verde – fazer regularmente os saltos em paraquedas previstos na legislação – e recebia a respectiva gratificação de serviço aéreo e aumentos do tempo de serviço. O serviço militar das enfermeiras paraquedistas era diferente dos restantes militares, sendo regulado por despacho do Secretário de Estado da Aeronáutica. Mais tarde, em 1973, foi regulado por Decreto-Lei mantendo algumas particularidades diferenciadoras dos restantes militares e, em parte, até as penalizava bastante, por exemplo, não podiam contrair matrimónio e manter-se como paraquedistas. Várias abandonaram a actividade, exactamente para poderem casar. Por outro lado, só para dar um par de exemplos práticos, não integravam as escalas de serviço normais da unidade e sub-unidades nem tinham comando de tropa.

No RCP, entre 1961 e 1974, o quadro orgânico previa 9 enfermeiras paraquedistas e foram realizados 12 Cursos de Paraquedismo de Enfermeiras Paraquedistas, tendo sido formadas 47 enfermeiras paraquedistas.

Foto 1 – Enfermeiras paraquedistas do Corpo de Tropas Paraquedistas da Força Aérea embarcam para mais um salto de abertura automática num C-212 Aviocar.

(Foto: Alfredo Serrano Rosa)

 

Note-se que os “cursos de enfermeiras paraquedistas”1 tinham diferenças em relação aos “cursos de paraquedismo militar” ministrados no RCP aos paraquedistas masculinos e funcionavam separadamente. Independentemente das provas de admissão serem diferentes, também o programa de instrução para o curso não era igual. As maiores diferenças verificavam-se na componente física – por exemplo, ausência de calistenias e toros – o que tinha várias justificações, entre outras, o facto de os cursos terem números muito reduzidos de alunas (variaram entre 10 e 1). Na realidade, o foco nestes cursos era a parte técnica de paraquedismo e uso do material aeroterrestre para garantir a segurança nos saltos em paraquedas, além de uma boa capacidade física das alunas, mas sem a enorme exigência dos cursos “masculinos”, e a isto acrescia a componente enfermagem.

Foto 2 – Em 1992, mais de 60 mulheres apresentam-se na Base Escola de Tropas Paraquedistas para iniciarem as provas de admissão às Tropas Paraquedistas desta nova geração: 25 concluiriam o 116.º Curso de Paraquedismo, em Julho desse ano.

(Foto: Alfredo Serrano Rosa)

 

Também a prestação de serviço nas Tropas Paraquedistas tinha diferenças em relação aos homens, a legislação foi variando ao longo dos anos, mas assentava em contratos renováveis, podendo, após seis anos de serviço e determinadas condições, passar a um “regime de nomeação vitalícia.” Perdendo a qualificação paraquedista podiam prestar serviço em organismos de carácter hospitalar da Força Aérea.

Não vou detalhar sobre as missões desempenhadas no Ultramar, mas foram inúmeras e relevantes como está bem expresso na bibliografia. No Estado Português da Índia, Angola, Moçambique, Guiné, Timor e nas evacuações aéreas entre as antigas Províncias Ultramarinas e a Metrópole. O seu trabalho em prol da vida humana foi de enorme relevância! A Furriel Graduada Enfermeira Paraquedista, Maria Celeste Ferreira da Costa, faleceu na Guiné em resultado dos ferimentos recebidos num acidente em plena pista de aviação da Base Aérea n.º 12, em Bissalanca, Bissau, a 10 de Fevereiro de 1973.

Todo este esforço na Guerra do Ultramar das Enfermeiras Paraquedistas foi legitimamente reconhecido em louvores e condecorações, individuais e colectivas2, sendo certo que o foi com a parcimónia que era regra na Força Aérea e bem assim como nas Tropas Paraquedistas.

Com a criação do Corpo de Tropas Paraquedistas (1975-1993) a Especialidade “Enfermeiras Pára-quedistas” manteve-se na Força Aérea, em extinção, não se realizando mais admissões. As enfermeiras passaram de “pessoal especializado em paraquedismo equiparado a militar”, a “pessoal militar permanente privativo do Corpo de Tropas Paraquedistas”.

Neste período, as enfermeiras paraquedistas que permaneceram no activo mantinham a qualificação, isto é, continuavam a saltar em paraquedas, mas prestavam serviço na Força Aérea, no Hospital, por exemplo, e não apenas nas unidades do CTP. No processo de transferência das Tropas Paraquedistas da Força Aérea para o Exército, as três enfermeiras que estavam na situação de Activo e uma na situação de Reserva na efectividade de serviço, todas no posto de capitão, optaram por também mudar de Ramo3. Foi assim criado no Exército um novo quadro especial em regime de extinção progressiva com a designação de “Serviço de enfermeira paraquedista (ENFPQ)”. Prestaram serviço nas unidades do CTAT/BAI, continuaram a manter a qualificação paraquedista e a boina verde, a última transitou para a situação de Reserva em 2002.

 

Corpo de Tropas Paraquedistas

Depois de terem sido incorporadas as primeiras candidatas a pilotos aviadores na Força Aérea, em 1988; depois deste Ramo ter feito uma primeira incorporação de mulheres destinadas ao Curso de Formação de Praças, em Novembro de 1991 e em Fevereiro de 1992, as destinadas ao Curso de Formação de Oficiais e de Sargentos; e ainda depois do Exército ter incorporado as primeiras mulheres, em Março de 1992 – no ramo terrestre já havia, contudo, oficiais femininos, médicas e farmacêuticas – chegava finalmente a vez das “novas mulheres boina verdes”.

Foto 3 – O curso de paraquedismo das paraquedistas dos anos de 1990 era exatamente igual ao dos paraquedistas.

(Foto: Alfredo Serrano Rosa)

 

Em Fevereiro de 1992, 60 das 97 mulheres que se haviam oferecido para cumprir o Serviço Efectivo Normal (vulgo Serviço Militar Obrigatório) nas Tropas Paraquedistas, iniciaram no Centro de Recrutamento e Inspecção do Corpo de Tropas Paraquedistas as provas de admissão. Eram estas, à data, as condições para as mulheres que desejassem candidatar-se às Tropas Paraquedistas:

– Ser voluntária e ter altura mínima de 1,56m (menos 4 cm do que os masculinos);

– Ter cidadania portuguesa;

– Estar no pleno uso de todos os direitos civis e políticos e ter bom comportamento moral e civil;

– Ser solteira, viúva ou divorciada, sem encargos de família;

– Possuir autorização de quem exerça o poder paternal quando menor não emancipado;

– Ter mais de 17 anos e menos de 24 de idade;

– Possuir as seguintes habilitações literárias mínimas4:

 • 6.º ano de escolaridade para as subespecialidades de Amanuense; Manutenção e reparação de paraquedas; Dobragem de paraquedas;

 • 9.º ano de escolaridade para as subespecialidades de Abastecimento, Socorrismo avançado e Operador de Comunicações.

– Exame médico;

– Provas psicotécnicas;

– Provas físicas e psicofísicas:

Prova

Mulher

Homem

Salto do muro

60cm

90cm

Passagem do pórtico duplo de 5m e 8m

Sim

Sim

Elevações na barra

Não

5

Flexão e extensão de pernas com salto

20

40

Abdominais em 2 minutos

20

40

Extensões de braços no solo

10

Não

Saltar a pés juntos em comprimento

1,70m

Não

Corrida 2.500m

Não

13,20m

Correr 2.000m

10,50m

Não

Prova de agressividade

Não5

Sim

Salto da torre

Sim

Sim

 

Ultrapassaram esta fase 29 candidatas que foram incorporadas em 25 de Abril de 1992, na Base Escola de Tropas Paraquedistas, em Tancos, para iniciar a formação militar básica e o curso de paraquedismo militar. Estas pioneiras estavam destinadas às subespecialidades de Manutenção e Reparação de Paraquedas, Operador de Comunicações, Amanuenses e Abastecimento.

A grande diferença em relação às Enfermeiras Paraquedistas estava não só no facto destas mulheres frequentarem a instrução básica (vulgo “recruta”) com os seus camaradas masculinos – as enfermeiras entravam directamente no curso de paraquedismo – como de frequentarem o Curso de Paraquedismo Militar, exactamente como os seus camaradas masculinos.

As provas de admissão na sua componente física tinham algumas diferenças em relação às do pessoal masculino, nomeadamente no número de repetições de determinados exercícios e nos tempos (ver tabela acima).

Foto 4 – Mulheres paraquedistas dos primeiros cursos, no decurso de um exercício de treino operacional, já no Exército.

(Foto: Alfredo Serrano Rosa)

 

Juraram Bandeira, em 2 de Julho de 1992, e terminaram nesse mesmo mês o 166.º curso de paraquedismo 25 boinas verdes femininas, as primeiras desde 1974:

– Alexandra Maria Damião Serrano Rosa

– Ana Catarina Fonseca da Silva Geraldo Pires

– Ana Lúcia Vieira de Sousa

– Ana Sofia Ferreira de Morais

– Carla Maria Silva Rodrigues

– Claúdia Alexandra Sales Silva Viegas Fernandes

– Daniela Cristina Caçote Trindade

– Helena Isabel Conceição Pernadas

– Isabel Maria Batista Domingos Gonçalves

– Lurdes de Fátima Paredes

– Lurdes Mónica Nunes Marques

– Maria Alexandra Raposo Ramos

– Maria da Conceição Bandeira da Costa Rosa

– Maria do Céu Ribeiro Nunes

– Maria Gourete de Oliveira Salvador

– Maria Isabel Lanção Ferreira

– Maria João Fernandes Ferreira de Brito

– Olga Maria da Silva Rodrigues

– Olga Silvia Oliveira Martins de Andrade

– Paula Cristina da Conceição Oliveira

– Paula Cristina Simões Viegas

– Rute Bela dos Santos Simões Palheira

– Sandra Cristina Valente de Carvalho

– Susana Paula Calapez Lourenço

– Teresa Maria Silvestre Lamas

Uma aluna, que por motivos de saúde havia sido eliminada, terminou depois o 168.º curso, em Outubro de 1992. Em 1993, o 171.º curso deu-nos mais 15 boinas verdes femininas, o 173.º, mais 8 e o 174.º, mais 1 que havia eliminado no anterior por motivos de saúde.

Ainda em 1993, algumas condições de admissão alteraram-se – a altura mínima passou de 1,56 para 1,58 – as habilitações mínimas passaram a ser o 9.º ano de escolaridade para todas, e as provas físicas também foram ajustadas. O muro passou para 0,70m de altura, a corrida de 2.000m passou a poder ser feita em 11m e 30 segundos e a prova de agressividade não era efectivamente feita.

No CTP foram assim brevetadas, em apenas dois anos, 50 novas paraquedistas, a geração pós-Guerra do Ultramar. Independentemente das habilitações literárias, todas estas paraquedistas estavam destinadas às referidas especialidades como Praças.

Foto 5 – Bósnia 1996, 5 das 8 pioneiras dos paraquedistas (e das Forças Armadas) nas Missões de Apoio à Paz.

(Foto: Miguel Silva Machado)

 

Comando das Tropas Aerotransportadas

No Exército, que já incorporava mulheres desde 1992, a partir de 1 de Janeiro de 1994, as então designadas Tropas Aerotransportadas mantiveram este recrutamento feminino para o curso de paraquedismo militar. Agora, além de Praças, também Oficiais e Sargentos em regime de Voluntariado e Contrato e também Oficiais e Sargentos do Quadro Permanente.

Algumas das Praças paraquedistas femininas transferidas da Força Aérea com o restante pessoal do CTP6 concorreram e frequentaram o Curso de Sargentos do Exército e passaram aos Quadros Permanentes. Foram admitidas na Arma de Transmissões, Serviço de Material e Serviço de Administração Militar.

No ano 2000, as provas de admissão às Tropas Paraquedistas, incluíam, como sempre, inspecção médica, exames psicotécnicos e provas físicas. Todas eram eliminatórias e estas últimas tinham parâmetros diferentes para o sexo masculino e feminino:

Prova

Mulher

Homem

Corrida 2.500m

13,30 min.

12 min.

Flexão e extensão de pernas

30

35

Abdominais em 2 minutos

35

40

Elevações na barra

Não

5

Extensões de braços no solo

14

20

Prova de agressividade

Sim

Sim

Salto da vala

2,8 m

3 m

Salto do muro

70 cm

90 cm

Passagem do pórtico duplo de 5m e 8m

Sim

Sim

Salto da torre

Sim

Sim

Passagem de túnel com 10m

Sim

Sim

 

O Comando das Tropas Aerotransportadas e as unidades da Brigada Aerotransportada Independente dispunham, assim, nas suas unidades de militares femininas paraquedistas (e também não paraquedistas). As paraquedistas, conquistavam a boina verde no final do respectivo curso que obrigava à execução de 6 saltos em paraquedas a partir de aeronave em voo. Depois, além das suas funções normais de acordo com a especialidade, executavam regularmente os saltos em paraquedas necessários a manter a qualificação, ou seja, 4 saltos por semestre. Tudo isto, exactamente como os seus camaradas masculinos.

Foto 6 – A realização de saltos em paraquedas para manter a qualificação paraquedista era e é exactamente igual aos homens:

4 por semestre, até aos 40 anos de idade, e 2 depois desta idade.

(Foto: Alfredo Serrano Rosa)

 

Nos anos do Comando das Tropas Aerotransportadas e respectiva Brigada Aerotransportada Independente, depois Brigada Aerotransportada, entre 1994 a 2006 (13 anos), foram ministrados 55 cursos de paraquedismo que incluíram mulheres, 201 alcançaram a boina verde, uma média de pouco mais de 15 por ano.

 

Brigada de Reacção Rápida

A partir de 2007, com a Brigada de Reacção Rápida, os números baixaram consideravelmente e em vários anos não houve uma única mulher a ser formada em paraquedismo militar. Foram 30 boinas verdes em 16 anos, uma média inferior a duas por ano. Se o recrutamento de jovens do sexo masculino é hoje um problema grave no Exército e em particular nas Tropas Paraquedistas, no sexo feminino a situação ainda o é mais.

Foto 7 – O aprumo e o orgulho na boina verde é tónica geral em todos os paraquedistas, mulheres e homens.

(Foto: Alfredo Serrano Rosa)

 

Missões expedicionárias

Em 1996, a primeira Força Nacional Destacada na Bósnia e Herzegovina integrou um pequeno grupo de 9 militares do sexo feminino, 8 das quais paraquedistas, uma Alferes e sete Primeiros-Cabos e Soldados. Também estas “boinas verdes” foram as mulheres pioneiras nas Missões de Apoio à Paz e Humanitárias das Forças Armadas Portuguesas:

– Alferes RC Dulce Maria Capucho (180.º CPQ/1994)

– Primeiro-Cabo RC Cristina Isabel da Fonseca Marques (168.º CPQ/1992)

– Primeiro-Cabo RC Maria Teresa Simões Gomes (171.º CPQ/1993)

– Primeiro-Cabo RC Elisabeta Pires Bouça (176.º CPQ/1994)

– Primeiro-Cabo RC Sandra Maria Vieira Borges (176.ºCPQ/1994)

– Primeiro-Cabo RC Ângela Maria da Silva Freitas (176.ºCPQ/1994)

– Soldado RC Clara Isabel Gonçalves Monteiro (182.º CPQ/1994)

– Soldado RC Célia Maria Duarte Pires (183.º CPQ/1995)

Nesta primeira missão foram empenhadas apenas em funções no âmbito da logística, mas, nas seguintes, esta situação alterou-se, passaram a desempenhar todas as funções de acordo com as respectivas Armas e Serviços. Para as Tropas Paraquedistas, em concreto, foi o início de uma série de missões nas quais as mulheres passaram a fazer parte das unidades de escalão batalhão, tendo sido uma constante, quer em sub-unidades de apoio quer de combate. Na próxima Força Nacional Destacada na RCA, constituída maioritariamente pelo 2.º Batalhão de Infantaria Paraquedista, está previsto seguir uma boina verde.

A integração das mulheres nas Forças Armadas, em geral, e no Exército, em particular, foi fazendo o seu caminho com normalidade e, logo, também nas Tropas Paraquedistas, que haviam recuperado esta designação em 1999.

 

Carreira nas tropas paraquedistas

Das paraquedistas que se formaram desde 1992, várias passaram aos QP e algumas mantiveram-se muitos anos nas unidades das tropas aerotransportadas/paraquedistas.

Hoje, uma dessas pioneiras do 166.º está colocada no Comando da BrigRR, e cinco outras desse mesmo curso estão colocadas em outras Unidades do Exército (ver abaixo).

A gestão de pessoal do Exército coloca o pessoal especializado em paraquedismo militar de acordo com as necessidades do Ramo segundo os seus critérios, sendo frequente que pessoal paraquedista – masculino e feminino – tenha que “rodar” para uma unidade exterior à BrigRR, perdendo assim a qualificação paraquedista, e as inerentes vantagens previstas na legislação. Como acima se referiu (nota de rodapé n.º 6), apenas determinados militares foram abrangidos pelo Decreto-Lei n.º 180/94, que salvaguardou essa situação para militares dos QP.

Os paraquedistas podem assim ser deslocados das “unidades da especialidade”7, sem qualquer diferença entre pessoal masculino e feminino. Quando é possível regressar a uma unidade paraquedista, podem submeter-se a uma nova avaliação, frequentar uma curta actualização em paraquedismo, vulgo “reciclagem”, e voltar a adquirir a qualificação paraquedista. Assim sendo, houve e há mulheres paraquedistas com muitos anos (décadas) a saltar em paraquedas regularmente, e outras, por sua vontade ou imposição do Ramo, com carreiras aeroterrestres mais reduzidas. À luz da legislação interna do Exército para o uso da boina verde que ainda não foi revista – Despacho 107/CEME/2022 –, o militar paraquedista, mantenha ou não a qualificação, desde que colocado numa unidade da especialidade pode usar a boina verde.

Recordar ainda que, em 2019, houve uma alteração importante na formação em paraquedismo militar no Exército: os militares (masculinos e femininos) destinados às “unidades da especialidade”/“unidades paraquedistas”, fazem o “Curso de Paraquedista” e no final recebem a boina verde e o distintivo de qualificação de paraquedista, vulgo “brevet”; os destinados a outras unidades fazem o “Curso de Paraquedismo” e no final (tem menos uma semana de instrução), recebem apenas o “brevet”. Todos fazem os 6 saltos a partir de aeronave em voo, no Curso de Paraquedista há a mais um exercício táctico.

Uma militar paraquedista apenas acabou por seguir uma “carreira aeroterreste” diferente, a então Primeiro-Sargento Alexandra Serrano Rosa. Foi do 1.º Curso no CTP, depois já no Exército frequentou o Curso de Sargentos da Arma de Transmissões, na Escola de Sargentos do Exército e ingressou nos Quadros Permanentes, em 1995. Em 1996, regressou ao CTAT e, em 1998, concluiu o Curso de Instrutor de Paraquedismo8, mantendo-se ligada à instrução aeroterrestre no Batalhão de Instrução, onde ministrou Cursos de Paraquedismo. Foi mesmo a primeira e até agora a única mulher que ministrou este tipo de instrução. Da formação na área aeroterrestre possuía ainda o Curso de Operações Aeroterrestres, de Queda Livre Desportiva, de Técnico de Equipamento Aéreo e de Instrutor de Abastecimento Aéreo. Cumpriu duas missões no Kosovo e esteve colocada em outras unidades do Exército, mas o essencial da sua carreira foi feita nas tropas paraquedistas. Faleceu a 21 de Abril de 2022, no decurso de um salto de abertura manual em Tancos, tinha o posto de Sargento-Ajudante com o curso de promoção a Sargento-Chefe, concluído com aproveitamento, desde 2018.

Foto 8 – A Sargento-Ajudante Alexandra Serrano Rosa (1969-2022), à porta de um C-295M em voo durante uma missão de treino nas funções de largador.

(Foto: Alfredo Serrano Rosa)

 

Actualidade

Os jovens de ambos os sexos que hoje desejam ser paraquedistas têm de cumprir primeiro uma Formação Geral Comum (FGC) igual para todas as especialidades do Exército, com a duração de 12 semanas para Praças e 17 semanas para Oficiais e Sargentos. Ou seja, já não se “assenta praça” em Tancos vindo da vida civil, o primeiro contacto com a instituição militar agora é num Centro de Formação do Exército.

No acesso a esta FGC há as seguintes diferenças nas provas físicas para o sexo masculino e feminino:

 

Mulher

Homem

 

50% 100%

50% 100%

Salto do muro

- 60 cm

- 60 cm

Extensões de braços no solo

16 36

32 52

Abdominais, 1 minuto

33 58

38 63

Corrida, 12 minutos

2.200m 3.000m

2.500 m 3.500 m

 

De assinalar que estas provas, sendo obrigatórias, não são hoje eliminatórias, o/a jovem pode iniciar a FGC sem ter atingido os 50%, devendo mais tarde, já no decurso da formação, repetir estes testes.

Foto 9 – A 2.º Cabo RC Paraq. Inês Oliveira Fernandes, com o novo uniforme de campanha do Exército, padrão “multirerreno”, e espingarda FN SCAR-L (Light) 5,56mm, integra o 2.º Batalhão de Infantaria Paraquedista que vai em breve iniciar mais uma missão expedicionária na República Centro Africana.

(Foto: Paraquedistas da Estrela-Seia)

 

Após a conclusão da formação militar inicial, os militares que pretendam ingressar nas Tropas Paraquedistas terão de cumprir determinados pré-requisitos, estes obrigatórios e eliminatórios, não havendo aqui diferenças para militares masculinos e femininos. Além das provas médicas e psicotécnicas, são estas as Provas Físicas Complementares (valores mínimos):

– Corrida 2500 metros em 12 minutos;

– 32 Extensões de braços no solo;

– 5 Flexões de braços na barra;

– 35 Flexões e extensão de pernas com salto;

– 40 Abdominais em 1 minuto;

– Percorrer 8 Km armado, equipado e com 5 Kg de carga em 60 minutos;

– Passagem de Pórtico (5 metros de altura);

– Salto do muro (90 cm de altura);

– Salto de vala (3 metros de comprimento);

– Natação 25 metros (em fato de banho);

– Passagem de Túnel Labirinto;

– Salto da Torre;

– Prova de Agressividade (boxe).

Foto 10 – Um dos vários encontros de confraternização das pioneiras da nova geração de boinas verdes iniciada em 1992. O espírito paraquedista está bem entranhado nas mulheres paraquedistas militares.

 

O “Curso de Paraquedista” «(…) habilita os militares a executar missões de âmbito estratégico, operacional ou tático, com elevado grau de independência e em condições de grande risco por meio de salto tático em paraquedas (desembarque aéreo) ou aterragem de assalto, em qualquer tipo de terreno e condições meteorológicas. Os militares são instruídos na execução de Operações aerotransportadas e segurança aeroterrestre e igualmente a sobreviver na área de operações de forma isolada ou integrado na sua Unidade (…)». O militar deverá executar 6 saltos em paraquedas a partir de aeronave em voo, após o que terá direito a receber o “brevet” e a boina de cor verde com a insígnia exclusiva das tropas paraquedistas. Em caso de não aproveitamento ou exclusão, o militar regressa à sua situação anterior e pode ingressar em outra unidade do Exército.

Em 2023 (Agosto), estão em serviço na Brigada de Reacção Rápida 17 mulheres boinas verdes: 2 oficiais, 8 sargentos e 7 praças, o que representa cerca de 3,5% do efetivo total de paraquedistas militares qualificados em Portugal.

Oficiais:

– TEN RC Sofia de Paiva Areais Gil, 310.º CPQ/2019 (RI10)

– ALF Artilharia Liane Saraiva Ruivaco, 319.º CPQ/2023 (RA 4)

Sargentos:

– SAJ Administração Militar Olga Maria da Silva Rodrigues Costa, 166.º CPQ/1992 (QG BrigRR)

– SAJ Administração Militar Adelindina Conceição Godinho Lopes, 225.º CPQ/2002 (QG BrigRR)

– SAJ Infantaria Ana Cristina Pinto Magina, 303.º/2016 (RI15)

– SAJ Infantaria Arlete da Fonseca Bessa, 195.º CPQ/1996 (RI10)

– SAJ Infantaria Liliana Augusta da Costa Sanhudo, 257.º CPQ/2006 (RI10)

– SAJ Infantaria Anabela Ferreira Correia, 254.º CPQ/2006 2023 (RParas)

– 1SAR Artilharia Marta Isabel Mocho Guerra da Silva, 247.º CPQ/ 2005 (RParas)

– 2SAR RC Petra Patrícia Barros Nunes, 314.º CPQ/2021 (RI 15)

Praças:

– 1CAB RC Carla Sofia Laíns Domingos, 309.º CPQ/2018 (RParas)

– 2CAB RC Júlia Pinho Roque, 314.º CPQ/2021 (RI 10)

– 2CAB RC Inês Oliveira Fernandes, 314.º CPQ/2021 (RI 10)

– SOLD RC Rosa Maria Dias da Costa Pascoal, 314.º CPQ/2021 (RI 10)

– SOLD RC Larissa Rocha de Oliveira, 315.º CPQ/2021 (RI 15)

– SOLD RC Sílvia Alexandra Jesus, 313.º CPQ/2020 (RParas)

– SOLD RC Patrícia Alexandra Ferreira de Sousa Carvalho, 314.º CPQ/2021 (RParas)

Fora da Brigada de Reacção Rápida, há oficiais e sargentos boinas verdes, dos QP, que, actualmente, por vontade própria ou pela já referida gestão de pessoal do Ramo, encontram-se colocadas em outras unidades do Exército. Não sendo possível identificar todas e onde estão hoje colcocadas, tentou-se, pelo menos, localizar as que atingiram postos mais elevados em ambas as categorias (Major, Capitão, Sargento-Chefe e Sargento-Ajudante).

Foto 11 – 20 de Junho de 2023. O 319.º Curso de paraquedismo militar, o último terminado até à execução deste artigo – neste momento está a decorrer o 320.º com 4 mulheres, veremos se conquistam a boina verde – posa para a fotografia, com o corpo de instrutores, comandante e adjunto do comando do RParas e D. Rui Valério, então Capelão-Mor das Forças Armadas. Lá no meio, a Alferes Artilharia Paraquedista Liane Ruivaco, a última paraquedista formada até então!

(Foto: Alfredo Serrano Rosa)

 

Estas listagem foram elaboradas em Agosto 2023 e devem ser consideradas como passíveis de actualização.

Oficiais

– MAJ Cavalaria Rute Isabel Areias de Matos, 212.º CPQ/1999

– MAJ Artilharia Cristina Maria Costa Pereira, 242.º CPQ/2004

– MAJ Cavalaria Maria João Pedroso Correia, 251.º CPQ/2005

– MAJ Serviço de Administração Militar Ana Sofia das Neves Azevedo, 251.º CPQ/2005

– CAP Artilharia Catarina Alexandra Marques Castelão, 240.º CPQ/2004

Sargentos

– SCH Transmissões Paula Cristina Simões Viegas, 166.º CPQ/1992

– SCH Serviço Material Ana Lúcia Vieira de Sousa, 166.º CPQ/1992

– SCH Serviço Material Paula Cristina da Conceição Oliveira Cardoso, 166.º CPQ/1992

– SCH Transmissões Susana Maria de Oliveira Matos, 173.º CPQ/1993

– SAJ Transmissões Maria Gourete de Oliveira Salvador, 166.ºCPQ/1992

– SAJ Transmissões Teresa Maria Silvestre Lamas, 166.º CPQ/1992

– SAJ Infantaria Cidália Maria Zainal da Silva André, 230.º CPQ/2002

– SAJ Infantaria Ema Astride Eiras Bento Pessoa de Amorim, 235.º CPQ/2003

– SAJ Pessoal e Secretariado Maria Benedita Cristino Anunciação, 219.º CPQ/2000

 

Em síntese

– Entre 1961 e 1974 (13 anos), foram ministrados, no Regimento de Caçadores Paraquedistas, 12 cursos de paraquedismo específicos para as enfermeiras paraquedistas que formaram 47 mulheres boinas verdes;

– Em 1992 e 1993 (2 anos), realizaram-se 5 cursos de paraquedismo, no Corpo de Tropas Paraquedistas, que formaram 50 mulheres em paraquedismo militar em condições de igualdade com os homens, mesmo que as provas de admissão às tropas paraquedistas fossem diferentes no sentido de haver menor exigência física, ainda que ligeira;

– De 1994 a 2006 (13 anos), no Comando das Tropas Aerotransportadas, foi dada continuação à formação de mulheres paraquedistas, tendo 201 alcançado a boina verde, em 55 cursos de paraquedismo;

– Entre 2007 e Agosto de 2023 (16 anos), desde a criação da Brigada de Reacção Rápida, este número reduziu-se substancialmente, foi apenas de 30 boinas verdes femininas, em 22 cursos.

Desde 1992 até 2023, foram formadas 281 mulheres com o curso de “paraquedismo” e, a partir de 2019, de “paraquedista”. O curso que gerou mais mulheres boinas verdes foi mesmo o primeiro, o 166.º, em 1992, com 25. Seguiu-se o 195.º, em 1996, com 18, e o 171.º e 176.º, cada um com 15. O ano mais produtivo neste aspecto foi o de 1994, com 27 boinas verdes femininas, seguindo-se o de 1992, com 26, 1993, com 24, 2005, com 23 e 1997, com 22.

Entre 1961 e 2023, foram 328 as mulheres portuguesas que conquistaram o direito de usar a boina verde. Duas morreram em serviço, a Maria Ferreira da Costa, em 1973, na então Província Ultramarina da Guiné, e a Alexandra Serrano Rosa, no decurso de um salto de abertura manual em Tancos, em 2022.

Todas, quer as que permaneceram no activo os tempos mínimos de serviço quer as que serviram as Tropas Paraquedistas durante décadas, são parte integrante da História das Tropas Paraquedistas e aqui as recordamos como homenagem ao seu esforço e dedicação à boina verde pela qual lutaram e conquistaram.

 

Agradecimento. Este artigo não teria sido possível sem as fotografias do Sargento-Mor Alfredo Serrano Rosa e, não responsabilizando ninguém senão o autor sobre o que está escrito, agradeço o apoio prestado pelos/as: Tenente-Coronel José Barbosa; Sargento-Chefe Benjamim Feliz; Sargento-Chefe Paula Viegas; Sargento-Ajudante Filipe Morais; Sargento-Ajudante Teresa Lamas; Sargento-Ajudante Marques Neves; Sargento-Ajudante Luís Vinagre; Sargento-Ajudante Arlete Bessa; Carla Fuzeta.

 

Bibliografia

CALHEIROS, Coronel José Alberto de Moura Calheiros, HISTÓRIA DAS TROPAS PARAQUEDISTAS PORTUGUESAS, REGIMENTO DE CAÇADORES PARAQUEDISTAS, União Portuguesa de Pára-quedistas, Regimento de Pára-quedistas, Tancos, 2022.

GRÃO, Coronel Luís António Martinho, HISTÓRIA DAS TROPAS PARAQUEDISTAS PORTUGUESAS, BATALHÃO DE CAÇADORES PARAQUEDISTAS, Comando das Tropas Aerotransportadas, Tancos, 1997.

GRÃO, Coronel Luís António Martinho, ENFERMEIRAS PÁRA-QUEDISTAS, 1961-2002, Prefácio Edição de Livros e Revistas Lda. Lisboa, 2006.

MACHADO, Miguel Silva, A BOINA VERDE DAS TROPAS PARAQUEDISTAS PORTUGUESAS, Edição de autor. Lisboa, 2022.

MACHADO, Miguel Silva e CARMO, António Sucena do, TROPAS PÁRA-QUEDISTAS PORTUGUESAS, 1956-1991, 35.º Aniversário, 1.ª Edição 1991. Edição da revista “Boina Verde”. Corpo de Tropas Pára-quedistas. Lisboa, 1991.

MACHADO, Miguel Silva e CARMO, António Sucena do, TROPAS PÁRA-QUEDISTAS PORTUGUESAS, 1956-1993, 2.ª Edição 1992. Edição dos autores. Lisboa, 1992.

MACHADO, Miguel Silva e CARMO, António Sucena do, TROPAS PÁRA-QUEDISTAS, A HISTÓRIA DOS BOINAS VERDES PORTUGUESES, 1955-2003, Prefácio Edição de Livros e Revistas Lda. Lisboa, 2003.

SERRA, Rosa, Nós Enfermeiras Paraquedistas, Fronteira do Caos Editores. Porto, 2015.

Sítios na internet:

https://www.operacional.pt/

https://www.paraquedistas.com.pt/


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1 O 2.º curso já recebeu a denominação “Curso de paraquedismo para pessoal não militar”, o 3.º “Curso de enfermeiras paraquedistas”, o 7.º “Curso de paraquedismo para enfermeiras”, o 11.º “Curso de Pessoal Equiparado a Paraquedista” (e este incluiu também um capelão, por isso esta designação) e o último iniciou-se em Julho de 1974, com a designação “Curso de Paraquedismo para Enfermeiras”.

2 Foi possível identificar, até à actualidade, as seguintes distinções: Ordem da Benemerência, Grau Cavaleiro (5 Enfermeiras, em 1962); homenageadas pelo Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, em 2011 (todas); louvadas pelo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (todas, em 2015); homenageadas pela Câmara Municipal de Fafe (todas, em 2016); Medalha Defesa Nacional 1.ª Classe (às primeiras 6 Enfermeiras, em 2019).

3 As Enfermeiras e o único Capelão paraquedista – que à data estava no activo –, foram os únicos militares do CTP a quem foi dada a opção de transitar para o Exército ou permanecer na Força Aérea. Todos transitaram, se não o tivessem feito deixavam de poder continuar a saltar em paraquedas, eram estas as opções.

4O CTP não abriu concurso para oficiais e sargentos milicianos femininos.

5 Esta prova – verificar a agressividade num curto combate com luvas de boxe – não estava prevista para pessoal feminino na documentação produzida e divulgada, no entanto, neste primeiro concurso, foi feita! Há relatos e imagens que o comprovam. Nos seguintes concursos, não. Não foi possível averiguar as razões deste facto.

6 Os militares da extinta especialidade de paraquedista da Força Aérea dos quadros permanentes (QP) e do regime de contrato automaticamente prorrogável (oficiais “PARAQ” e “SGPQ” e Sargentos “PARAQ” e “RCA”) viram os seus direitos salvaguardados em relação à possibilidade de realizar saltos em paraquedas no Exército, independentemente da unidade de colocação, através do Decreto-Lei n.º 180/94, de 29/06/1994. O mesmo não aconteceu com pessoal não QP, incluindo as Praças transferidas (masculinas e femininas). Assim, as que, depois de 1994, passaram aos QP (concorrendo à Academia Militar ou à Escola de Sargentos do Exército), regem-se pela legislação actual, isto é, só podem executar saltos em paraquedas e manter a qualificação paraquedista e a boina verde, apenas as colocadas nas unidades da BrigRR.

7De acordo com o Despacho 107/CEME/2022, são unidades da especialidade paraquedista: QG BrigRR; RParas; RI 10; RI 15.

8 Se quisermos olhar para a legislação com rigor, foi mesmo a primeira “militar” a ter este curso. Isto porque houve duas Enfermeiras Paraquedistas que o frequentaram, mas, como ficou acima dito, estas eram legalmente consideradas “pessoal especializado em paraquedismo equiparado a militar”. Na realidade, já duas boinas verdes tinham efectuado o Curso de Instrutores e Monitores de Paraquedismo e realizado saltos em queda livre, no âmbito militar: Sargento-Ajudante Graduada Enfermeira Paraquedista Maria Manuela Flores França, em 1968; Alferes Graduada Enfermeira Paraquedista Rosa Glória Barroso da Costa Serra, em 1972. Nesta época, o curso incluía a componente saltos de abertura manual (queda-livre), estas Enfermeiras nunca ministraram, contudo, instrução de paraquedismo.

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2023-11-04
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by CMG Armando Dias Correia